ATA
DA TRIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA, EM 20-04-2015.
Aos
vinte dias do mês de abril do ano de dois mil e quinze, reuniu-se, no Plenário
Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida
por Airto Ferronato, Alberto Kopittke, Bernardino Vendruscolo, Carlos
Casartelli, Cassio Trogildo, Clàudio Janta, Delegado Cleiton, Engº Comassetto,
Fernanda Melchionna, Guilherme Socias Villela, Idenir Cecchim, João Bosco Vaz,
João Carlos Nedel, Jussara Cony, Kevin Krieger, Lourdes Sprenger, Mauro
Pinheiro, Mônica Leal, Pablo Mendes Ribeiro, Paulinho Motorista, Prof. Alex
Fraga e Sofia Cavedon. Constatada a existência de quórum, o Presidente declarou
abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram Dr. Thiago,
Elizandro Sabino, Marcelo Sgarbossa, Márcio Bins Ely, Mario Manfro, Nereu
D'Avila, Professor Garcia e Reginaldo Pujol. À MESA, foram encaminhados: o
Projeto de Decreto Legislativo nº 001/15 (Processo nº 0958/15), de autoria da
Mesa Diretora; o Projeto de Lei do Legislativo nº 055/15 (Processo nº 0576/15),
de autoria de Alberto Kopittke e Dinho do Grêmio; e o Projeto de Lei do Legislativo
nº 075/15 (Processo nº 0854/15), de autoria de Delegado Cleiton. Também, foi
apregoado o Ofício nº 449/15, do Prefeito, encaminhando o Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 009/15 (Processo nº 0884/15). Do EXPEDIENTE,
constou Comunicado do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do
Ministério da Educação, emitido no dia vinte e cinco de março do corrente. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se Sofia Cavedon, Jussara Cony, Marcelo
Sgarbossa, Mônica Leal, João Bosco Vaz, Idenir Cecchim, Fernanda Melchionna e
Clàudio Janta. Na ocasião, foram aprovados Requerimentos verbais formulados por
Mauro Pinheiro e Sofia Cavedon, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da
presente Sessão. Após, por solicitação de Delegado Cleiton, foi realizado um
minuto de silêncio em homenagem póstuma a Paulo Ricardo Correia e Correa e a
Laone Brasil. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se Carlos Casartelli, em tempo
cedido por Cassio Trogildo, Delegado Cleiton, Engº Comassetto, Clàudio Janta,
este em tempo cedido por João Carlos Nedel, Sofia Cavedon, esta em tempo cedido
por Jussara Cony, e Lourdes Sprenger. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se
Nereu D'Avila, Bernardino Vendruscolo e Reginaldo Pujol. Na ocasião, Alberto
Kopittke procedeu à entrega de Pedido de Informações à Mesa, referente a
contrato realizado pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre para o carnaval no
Município. Às dezesseis horas e quinze minutos, constatada a existência de
quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. A seguir, foi aprovado Requerimento de
autoria de Nereu D'Avila, solicitando o adiamento da discussão do Projeto de
Lei do Legislativo nº 170/13 (Processo nº 1685/13) por uma sessão. Após, foi
aprovado Requerimento verbal formulado por Sofia Cavedon, solicitando alteração
na ordem de priorização da matéria constante na Ordem do Dia, por vinte e seis
votos SIM, após ser encaminhada à votação por Reginaldo Pujol, Jussara Cony,
Prof. Alex Fraga, Idenir Cecchim, Airto Ferronato, Fernanda Melchionna, Engº
Comassetto, Sofia Cavedon e Kevin Krieger, em votação nominal solicitada por
Clàudio Janta, tendo votado Airto Ferronato, Alberto Kopittke, Cassio Trogildo,
Clàudio Janta, Delegado Cleiton, Dr. Thiago, Elizandro Sabino, Engº Comassetto,
Fernanda Melchionna, Idenir Cecchim, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Jussara
Cony, Kevin Krieger, Lourdes Sprenger, Marcelo Sgarbossa, Márcio Bins Ely,
Mario Manfro, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Pablo Mendes Ribeiro, Paulinho
Motorista, Prof. Alex Fraga, Professor Garcia, Reginaldo Pujol e Sofia Cavedon.
Ainda, foram aprovados Requerimentos verbais formulados por Mario Manfro,
Marcelo Sgarbossa e Delegado Cleiton, solicitando alteração na ordem de
apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Em Votação, foi aprovada a
Indicação nº 013/15 (Processo nº 0773/15), por quatorze votos SIM, treze votos
NÃO e uma ABSTENÇÃO, em votação nominal solicitada por Clàudio Janta, tendo
votado Sim Airto Ferronato, Alberto Kopittke, Clàudio Janta, Dr. Thiago, Engº
Comassetto, Fernanda Melchionna, Jussara Cony, Lourdes Sprenger, Marcelo
Sgarbossa, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Prof. Alex Fraga, Professor Garcia e
Sofia Cavedon, votado Não Carlos Casartelli, Cassio Trogildo, Elizandro Sabino,
Idenir Cecchim, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Kevin Krieger, Márcio Bins
Ely, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Pablo Mendes Ribeiro, Paulinho Motorista e
Reginaldo Pujol e optado pela Abstenção Delegado Cleiton. Na apreciação da
Indicação nº 013/15, Mauro Pinheiro votou nos termos do artigo 83, alínea c, da
Lei Orgânica. Em Votação, foi aprovado o Requerimento nº 033/15 (Processo nº
0829/15). Em Votação, foi votada a Indicação nº 007/15 (Processo nº 0569/15), a
qual obteve sete votos SIM, seis votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, em votação
nominal solicitada por Kevin Krieger, tendo votado Sim Alberto Kopittke, Engº
Comassetto, Fernanda Melchionna, Jussara Cony, Marcelo Sgarbossa, Prof. Alex
Fraga e Sofia Cavedon, votado Não Idenir Cecchim, João Bosco Vaz, Kevin
Krieger, Mônica Leal, Pablo Mendes Ribeiro e Professor Garcia e optado pela
Abstenção Clàudio Janta e Lourdes Sprenger, votação essa declarada nula em face
da inexistência de quorum deliberativo. Às dezessete horas e dezessete minutos,
constatada a inexistência de quórum deliberativo, o Presidente declarou
encerrada a Ordem do Dia. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de
Lei do Executivo nº 007/15; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 009/15, discutido por Reginaldo Pujol, o Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 010/15, este discutido por Reginaldo Pujol, Engº
Comassetto, Sofia Cavedon, Márcio Bins Ely e Marcelo Sgarbossa, e o Projeto de
Resolução nº 009/15 (Processo nº 0549/15). Após, foi apregoado Requerimento de
autoria de Márcio Bins Ely, solicitando renovação de votação da Indicação nº
013/15 (Processo nº 0773/15). Durante a Sessão, Delegado Cleiton
manifestou-se acerca de assuntos diversos. Às dezessete horas e cinquenta e
dois minutos, o Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os
vereadores para a sessão ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos por Mauro Pinheiro e Delegado Cleiton e
secretariados por Jussara Cony. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após
distribuída e aprovada, será assinada pelo 1º Secretário e pelo Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
A SRA. SOFIA
CAVEDON:
Obrigada, Ver. Mauro Pinheiro, nosso Presidente; Ver. Marcelo Sgarbossa, Ver.
Engº Comassetto, espero representar a nossa bancada, pois, nesse meio de
feriado, nós temos aqui vários desafios. Queremos votar mais regras para a
terceirização na Prefeitura de Porto Alegre, mas acho que é muito importante
refletir um pouco sobre o tema segurança, porque há uma iminência, no Estado do
Rio Grande do Sul, de uma paralisação dos delegados, da Polícia Civil, e também
com possibilidade de setores médios da Brigada Militar, em princípio, aderirem
à paralisação. As razões da indicação da categoria preocupam a sociedade gaúcha
desde o início do Governo Sartori. Vários elementos, consequentes do tratamento
que os trabalhadores de segurança estão recebendo, já aparecem na vida real e
poderão se agravar. Os trabalhadores da segurança receberam um corte de horas
extras muito grande. E horas extras na segurança significa policiais, delegados
na rua. Quando o nosso Governo, o Governo Tarso, instituiu em Porto Alegre,
Ver. Engº Comassetto, quatro Territórios da Paz em Porto Alegre, foi com muitas
horas extras, com viaturas, com trabalho de investigação, de desbaratamento de
crimes, de organizações criminosas, sejam na Restinga, na Lomba do Pinheiro, na
Zona Norte e nesta área da Bom Jesus.
As notícias que nós temos dessa redução enorme
de horas extras é o esvaziamento da atuação nos Territórios da Paz.
Lamentavelmente, Ver. Marcelo Sgarbossa, significa um aumento de criminalidade,
de morte dos nossos jovens; significa o abandono, que nós imaginávamos que era
um enxugamento no tema da mulher, o fim da Secretaria de Políticas para as
Mulheres, Ver.ª Jussara Cony, a Patrulha da Maria da Penha não funcionando, o
Centro Estadual de Referência da Mulher sendo fechado em Porto Alegre; projeto
de lei para retirar as delegacias especializadas, o que tinha sido um avanço na
elucidação dos crimes na nossa Cidade.
Então, o fim dos Territórios da Paz, das horas
extras, da retirada das viaturas, da diminuição das viaturas Maria da Penha; e
a não nomeação de 600 funcionários da Polícia Civil e de 2 mil brigadianos, que
já passaram no concurso e precisariam fazer curso de formação agora – vejam, os
senhores, que é um ano de curso –, significa que nós teríamos esse plantel
apenas no ano que vem, e eles sequer foram chamados para fazer o curso. Se a
situação está ruim, poderá ficar muito pior. Quando as corporações sinalizam
com uma greve, com uma paralisação, estão reivindicando questões, inclusive da
carreira, pois está sendo anunciado que conquistas da carreira da área da
Polícia Civil serão suspensas – estão denunciando porque reduziram a
possibilidade de trabalho, portanto, de renda, com a redução brutal de horas
extras –, o que significa um sinal vermelho para a população do Rio Grande do
Sul, que já está sentindo a dramaticidade da redução da atuação e do
investimento em segurança – a dramaticidade, a gravidade.
Eu não posso deixar de referir: hoje pela manhã,
escutamos o Secretário de Segurança, numa afirmação infeliz, muito infeliz, em
relação às mulheres, quando, analisando a criminalidade, diz que o problema é
que as mulheres saíram de casa para trabalhar, Ver.ª Lourdes, e não cuidam mais
dos filhos; como não cuidam mais dos filhos, os nossos adolescentes estão
envolvidos nas drogas, etc. Ora, em primeiro lugar, esta posição é machista,
quando pressupõe que é da mulher a responsabilidade do cuidado com a criação
dos filhos. Nós já evoluímos para a compreensão de que homens e mulheres
precisam dividir e têm igual responsabilidade neste tema.
Em segundo lugar, a mulher não saiu para
vagabundear; ela saiu para contribuir com a sociedade que produz e para contribuir
na sustentação das famílias. Portanto, temos a ausência de políticas de Estado
para amparo da infância, para atendimento da infância – que a gente vem
recuperando muito devagar –, de atendimento da faixa etária da creche, da
Educação Infantil. O Brasil ainda deve muito a cada cidade, a cada estado em
relação ao tema da proteção da criança e do adolescente.
E a mulher é muito importante e necessária no
mundo do trabalho, é uma profissional indispensável para o crescimento
tecnológico, para o desenvolvimento de uma série de políticas que o mundo não
tinha e precisava da presença da mulher, que tem tanto direito quanto o homem
de desenvolver a sua carreira profissional.
Então, infeliz, equivocada e machista a
afirmação do Secretário, demonstrando uma visão deste Governo, que fechou a
Secretaria de Políticas para as Mulheres, que está desativando o Centro
Estadual de Referência da Mulher e a Patrulha Maria da Penha; políticas
fundamentais num país e num estado onde as mulheres ainda são assassinadas por
relação de gênero, por relação desigual, por não termos superado a violência
sexista.
Então, é muito sério o problema da segurança.
Nunca alguém veio aqui, de um Governo ao outro, e solucionou tudo, mas é
evidente que o corte de números, de horas extras, de viaturas, de
investimentos, de nomeações, de formações de novos agentes de segurança são
elementos objetivos que vão, em curtíssimo prazo, já incidir numa piora das
nossas condições de proteção da vida, de proteção da infância, de proteção das
mulheres.
Nós queremos chamar a atenção, aqui, que esta
Câmara cuide de Porto Alegre e propor, Vereador-Presidente, um comparecimento
nesta Casa do Secretário Estadual de Segurança e do Secretário Municipal para
que deem respostas objetivas sobre os Territórios da Paz da cidade de Porto
Alegre, que destino foi dado a eles, que políticas estão sendo encaminhadas,
qual é o compromisso deste Governo com a segurança da Capital.
Então, estou encaminhando, Sr. Presidente,
porque sei que toda a Bancada do PT vai fazer essa solicitação de
comparecimento dos dois órgãos responsáveis por segurança na Capital, porque o
tiroteio que vivemos na semana passada na Zona Sul de Porto Alegre, no
Loteamento Cristiano Kraemer, atingindo uma criança, que foi assassinada por um
tiro que não se sabe ainda de onde veio, dentro de casa, está longe de ser um
problema da saída da mulher, da sua predestinação como a única responsável
pelas tarefas da família. Muito longe! Ao contrário disso, é a retirada da
presença do Estado, da obrigação do Estado de proteger o cidadão e a cidadã,
elucidar crimes e fazer trabalho preventivo, desbaratar as organizações
criminosas que assolam a nossa Cidade e o nosso Estado.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Esta presidência solicita a transferência do
período de Grande Expediente de hoje para a próxima Sessão. Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram.
(Pausa.) APROVADO.
A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
A SRA. JUSSARA
CONY: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, eu venho a esta tribuna em nome
da Bancada do PCdoB, mas também como membro da União Brasileira de Mulheres,
como Secretária Municipal e Estadual da Mulher do Partido Comunista do Brasil e
como membro da Direção Nacional da União Brasileira de Mulheres. A Ver.ª Sofia
Cavedon, do PT, que me antecedeu, já trouxe aqui o assunto que também me traz a
esta tribuna. É impressionante que a responsabilidade do Estado, na palavra do
atual Secretário de Estado da Segurança, como ente público, com políticas
públicas, sejam elas de saúde, de educação, contra a violência e de segurança
pública, seja transferida para a família, e, sem dúvida, na concepção do Sr.
Secretário, para a mulher. A mulher é sempre a culpada de tudo. E é o mesmo
Estado que não reconhece sequer que a função social da maternidade é aquela que
nós, mulheres, além de reproduzirmos a força de trabalho e cuidarmos dela,
teríamos que exercer o papel que o Estado não exerce para que os nossos filhos,
no mercado de trabalho, continuem a ser explorados pelo processo da sociedade
capitalista. O Secretário mantém essa visão odiosa e irresponsável de penalizar
uma mulher que, além de ser chefe de família, tem o direito de buscar trabalhar,
porque esse trabalho, também, da mulher, é sua independência econômica para que
ela e seus filhos não sofram a violência de classe e de gênero que perpassa as
sociedades de opressão, as sociedades de discriminação da mulher.
Eu venho a esta tribuna para estabelecer com
todos um diálogo à altura dos direitos das mulheres, à altura do dever do
Estado, enquanto ente público – não é deste ou daquele governo, mas do Estado
enquanto ente público. O Secretário disse que as famílias também têm
responsabilidade na violência. Os trabalhadores, de uma forma ainda mais
violenta e agressiva, são aqueles que sofrem a violência, inclusive por parte
do Estado, porque o fato de o Secretário Estadual de Segurança dizer o que
disse, transferindo a responsabilidade, é uma violência de Estado contra as
mulheres; uma violência de classe, uma violência de gênero. Afirmar, numa
entrevista, que as crianças ficam sozinhas nas ruas à mercê dos criminosos? Que
se tenha política para enfrentar o crime! Que se tenha política para enfrentar
a violência! Que se tenham creches, escolas, perspectiva de uma saúde de
qualidade desde antes de a criança nascer. Não venham me dizer que a culpa é
das mulheres que saem para trabalhar, até porque nós temos direito de buscar o
nosso trabalho e exercer a nossa profissão. Eu digo isso como mãe de cinco
filhos – aos 19 anos, fui mãe pela primeira vez –, que sempre trabalhou, desde
os 14 anos, sem direito à creche, ainda. Dentro da universidade, como
funcionária de carreira, junto com os meus colegas, mulheres e homens, lutamos
e criamos a creche da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a que só o meu
último filho, depois de 14 anos, foi ter direito.
Então o Secretário tem que atentar que o que nós
precisamos são políticas públicas. É direito dessa criança, dessa mãe, desse
pai, dessa família ter acesso ao trabalho e ter, também, equipamentos sociais
que permitam que as nossas crianças fiquem não à mercê dos criminosos que ele
tem que combater, mas que tenham um local que não seja um depósito de crianças,
que seja a perspectiva de as crianças ficarem em segurança e terem educação. O
Estado está transferindo a responsabilidade para a família, individualizando a
culpa, e culpando exatamente as mães e as mulheres. Mulher sai para trabalhar
porque é chefe de família, sim! Hoje, 50% das mulheres são chefes de família,
criam os filhos e saem para trabalhar também, para exercer sua profissão, para
ter o seu salário, para ter independência econômica e não sofrer violência
doméstica e familiar, além da violência do Estado.
Eu me indigno com esse tipo de coisa, e quero
finalizar dizendo, Sr. Presidente, que acho interessante a jornalista Rosane de
Oliveira responder ao Secretário – quero cumprimentá-la desta tribuna. Ela diz,
com todas as letras: “Não é culpa das mulheres, Secretário!” E não se pode
tirar das mulheres o direito de trabalhar, o direito de criar com segurança
seus filhos. O Estado, como ente público, e o Secretário, como personalidade
pública, têm que entender que nós somos aquelas que reproduzimos e mantemos a
força de trabalho desta Nação. Então, respeite as mulheres, respeite as mães,
respeite os nossos filhos e as nossas famílias; vá cumprir o seu papel de
Secretário de Segurança e não transfira a culpa. É muito simples transferir a
culpa de não dar conta do crime, inclusive do crime organizado, que tem que ser
visto sob o ponto de vista do Estado com a acuidade que deve ter. Transferir
isso para as mulheres é muito simples, governar assim é muito simples, ser
Secretário de Estado assim é simplíssimo demais e é irresponsabilidade sob a
ótica dos direitos e das garantias das mulheres, das crianças, da família e da
sociedade.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Marcelo Sgarbossa está com a palavra para
uma Comunicação de Líder, pela oposição.
O SR. MARCELO
SGARBOSSA: Não
tem como deixar de utilizar o espaço de Liderança da oposição – dos partidos
PCdoB, PSOL e PT –, não tem como não concordar com a fala –, quero procurar bem
o adjetivo para não cometer injustiça e fazer um reconhecimento que, na
entrevista do Secretário de Segurança do Estado, Wantuir Jacini, há, sim, uma
ponderação de o quanto é complexa a questão da criminalidade, inclusive em
nosso Estado.
Sobre essa questão específica que envolve
colocar a culpa nas mulheres porque saem para trabalhar, que isso refletiria no
desenvolvimento das crianças e iria para uma responsabilidade da família, da
escola, e nisso há um desvirtuamento da conduta do cidadão para a
criminalidade, colocando, então, nas mulheres, principalmente, o fato de terem
feito essa conquista, as que conseguem – nem todas conseguiram ainda - ser
protagonistas economicamente, na família, e saem, como se colocou, para o
trabalho, se o Secretário colocasse isso com base em algum estudo, de forma
mais científica, ficaria melhor o debate, mas aqui se percebe que é apenas uma
intuição totalmente equivocada do papel da mulher em pleno 2015.
Quero ainda aproveitar este espaço de oposição
para falar de um projeto da autoria de nosso mandato, no qual todos os partidos
de oposição votaram favoráveis, que é um projeto que está pendente de renovação
de votação e que é muito simples: coloca que empresas que doarem para campanhas
eleitorais sejam proibidas de contratar com o Município de Porto Alegre. Isso
foi votado – o Ver. Professor Alex ainda não estava na Câmara – no dia 22 de
dezembro, às 22h30min, a última Sessão do ano, e foi aprovado por 13 votos a
10, simplesmente colocando esse critério de contratação nas empresas. Esse
projeto já está replicado em vários municípios aqui da Região Metropolitana. Em
Pelotas acabou de ser aprovado, há dez dias um Vereador do PDT, Marcos Cunha,
apresentou um projeto idêntico ao nosso aqui, conseguiu aprovação, agora vai ao
Prefeito de Pelotas para possível sanção, ou, se for o caso, infelizmente, ao
veto.
Quero fazer essa ressalva para mostrar que não
apenas Vereadores do PT estão protocolando projetos nesse sentido, que é
basicamente a reforma política do ponto de vista do financiamento, impedindo
que empresas que doaram para as campanhas eleitorais possam contratar com o
respectivo município. Alguns Vereadores que se opuseram, dos dez que votaram
contrários ao projeto naquela última Sessão do ano, muitos deles argumentaram
aqui da tribuna sobre a inconstitucionalidade do nosso projeto. Pois bem, eu
queria aqui trazer uma decisão do STF, que é quem diz o que é e o que não é
inconstitucional, numa ADIn em que o STF reconhece – era um outro tema, é
verdade, mas praticamente idêntico... No Município de Brumadinho, no Interior
de Minas Gerais, a lei questionada, que foi declarada constitucional, proíbe
que sejam contratadas pelo município empresas que tenham parentes até segundo
grau, vereadores, cargos de confiança em geral, prefeitos e vice-prefeitos. O
STF entendeu justamente isso – quero encontrar aqui a ementa: (Lê) “A
Constituição outorga à União a competência para editar normas gerais sobre
licitação e permite, portanto, que estados e municípios legislem para
complementar as normas gerais e adaptá-las às suas realidades.”
Portanto, como nós já colocávamos na tribuna
naquela última Sessão do ano, podem, sim, os municípios, com suas leis, colocar
critérios de contratação, como é o caso do nosso projeto de lei, julgado
constitucional pelo STF. Espero que não seja colocado em votação novamente,
mas, se isso acontecer e a Câmara aprovar e ir à sanção do Prefeito, nós
teremos já, a partir do ano que vem, um outro tipo de eleição, sem a
possibilidade de as empresas que doaram para as campanhas eleitorais
contratarem com o Município. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Ver.ª Mônica Leal está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
A SRA. MÔNICA
LEAL: Sr.
Presidente, Ver. Mauro Pinheiro; Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, sobre segurança
pública: o caos na segurança pública não começou em 2015. Não é de hoje que nós
temos essa situação alarmante de que não se tem mais hora, nem dia, nem bairro
para o crime ocorrer. Só um lado avança, o da bandidagem. Mas não foi em 2015
que começou isso. Nós sabemos que vem de longa data, e contra números ninguém
pode discutir.
Vamos lá. Efetivo da Brigada Militar: em 1975,
havia 23 mil policiais militares no Rio Grande do Sul, vocês escutaram, 1975,
23 mil policiais; em 1995, havia 27 mil policiais militares no Rio Grande do
Sul; atualmente, em 2015, nós temos 21,9 mil policiais militares. Isso, por si
só, já deixa claro que segurança pública só é prioridade em discurso de
campanha política, porque, na hora em que os governos entram, fica declarado
que não é prioridade. Quanto ao efetivo da Polícia Civil, em 1985, havia 6.200
policiais civis; atualmente, nós temos, em 2015, 5.800 policiais civis. Ora,
senhores, os homicídios aumentaram 68,6%, numa década, no Rio Grande do Sul; de
2005 a 2014, nós tivemos esse aumento. É claro que o caos na segurança pública
não é de agora, ele vem de longa data. Só houve um governo, e eu digo aqui em
alto e bom som, que investiu em segurança pública, foi o Governo Jair Soares.
Segurança pública é um dever do Estado, é um
direito do cidadão. A segurança é a primeira das liberdades, se nós não temos
segurança, nós não temos liberdade, e a realidade sentida pelo povo gaúcho é de
medo. É um sentimento que acompanha desde o pequeno trabalhador a um peão no
campo, ao mais alto empresário. Por que isso? Porque a impunidade rola solta
neste Estado. Nós sabemos que o bandido avança, cada vez mais ele está com
armamento pesado, com condições para praticar o crime. Segurança pública se faz
com o efetivo nas ruas, e isso nós não temos, mas não é de hoje.
Eu queria aqui fazer um registro sobre os
últimos episódios, uma menina de sete anos que morreu dormindo; um ônibus,
tiroteio, num pedaço da Rua Ramiro Barcelos; um outro ônibus em que os
marginais, criminosos, pediram, determinaram, ordenaram que os passageiros
saíssem do ônibus para atear fogo! Não importa contra, é do tráfico, não
importa isso; eles fizeram, eles procederam, eles cometeram esse crime, e isso
é um ato de terrorismo! Por quê? Porque não tem policiamento! Porque a
impunidade rola solta! E, mais uma vez, a segurança! A segurança se faz com
efetivo nas ruas, com policiamento ostensivo! E não é de hoje que eu digo isso
desta tribuna, há muito tempo eu venho relatando essa situação.
Sobre a entrevista do Secretário de Segurança,
eu quero alertar os colegas do PT e também a Ver.ª Jussara de que eu, como
jornalista, tenho sempre o cuidado de pegar a entrevista na íntegra, porque, às
vezes, a gente não lê bem uma palavra ou outra e fica fora do contexto. E o
Secretário teve a infelicidade de usar algumas palavras, mas teve, também, a
felicidade de colocar outras. E quero ler aqui, o Secretário de Segurança do
Estado falou no momento emblemático da menina de 7 anos morta por uma bala
perdida de fuzil, enquanto dormia, na Zona Sul de Porto Alegre, e, segundo ele,
o plano é dividido em dois eixos: o criminal e social.
Ele diz que o foco da Secretaria de Segurança é
o criminal, mas que casos como o da menina atingida têm relação também com a
violência social, que é falha de outros setores, como o da família. Ele foi
extremamente infeliz, e lastimo profundamente essa declaração. Por outro lado,
eu quero colocar uma parte da entrevista, quando ele ressalta que a Secretaria
de Segurança está preocupada em atuar nos presídios e que os recursos para os
presídios em obras estão garantidos. E que mesmo com a situação econômica do
Estado, os novos projetos estão confirmados.
Sobre os cortes de horas extras, o Secretário
voltou a afirmar que o impacto é somente na área administrativa. Ou seja, em
que pese o Secretário de Segurança do Estado ter sido infeliz quando se referiu
à questão da morte da menina de sete anos, responsabilizando a família, e que
ele tentou se corrigir, ele coloca, aqui, para o povo que os cortes serão a
área administrativa.
Eu não vim, aqui, defender o Secretário, nem
culpar. Eu vim apenas esclarecer. Nós temos que ter muito cuidado com a palavra
proferida, porque é só pegar uma entrevista dessas e ler na íntegra que nós
iremos conhecer o momento infeliz e o momento em que ele coloca os pingos nos
is. Eu gostaria de finalizar dizendo que a segurança pública deste Estado está
um caos há longa data. As delegacias não têm condições sequer de trabalhar!
Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO
BOSCO VAZ:
Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, Ver.ª Sofia, Ver.ª Mônica,
Ver.ª Jussara, eu não ouvi a entrevista do Secretário de Segurança do Estado,
mas, pelo que foi dito aqui, há uma frase que ele falou que é uma tese,
Vereador, conforme já conversamos, que eu defendo há muito tempo e que eu
coloquei em prática em Porto Alegre, quando era Secretário de Esportes. A
mulher precisa trabalhar, obviamente, e tem que ter o seu espaço. Sai o pai
para trabalhar às 7h; a mulher, que precisa trabalhar, sai às 7h30min. Se nós
não apresentarmos alternativas, projetos sociais, é óbvio que o vagabundo vai
adotar aquela criança, aquele adolescente que está lá, sem a proteção do pai e
da mãe, que precisam sair, como diz a gíria, para poder encher as latinhas,
poder botar alimento na mesa, poder comprar um uniforme, uma roupa. O que eu
fiz? Eu pensei muito nisso. Não adianta oferecer mudanças se não tiver um conjunto
de alternativas que possam ser ofertadas. Eu, há muito tempo, fui meio
pretensioso, Vereador, dizendo o seguinte: fora do esporte, não tem salvação.
Depois, troquei um pouco essa frase: fora da ocupação, não tem salvação. Então
nós passamos a incrementar escolinhas esportivas em todas as comunidades de
Porto Alegre. Nós temos um projeto, só para terem ideia, que se chama Social
Esporte Clube, que eu criei na Secretaria de Esportes, em que nós temos mais de
500 crianças, cujos pais ganham até três salários mínimos, fazendo esporte
gratuitamente em todos os clubes sociais de Porto Alegre: na Sogipa, no União,
no Teresópolis, no Gaúcho, no Grêmio, no Inter. Quando a criança vai para lá
para se tornar um cidadão, uma cidadã tem um talento e vai para a equipe de
competição, as crianças da Sogipa, por exemplo, estudam por conta do clube no
Pastor Dohms e no São João. As crianças da vila, que são selecionadas para o
Grêmio Náutico União, estão no Rosário, no Bom Conselho. Nós criamos uma escola
de samba infantil chamada Esporte Dá Samba, que envolve o ano todo 3 mil
crianças, com pequenos ateliês nas casas das próprias mães da comunidade,
fazendo fantasias, oficinas de mestre-sala, de porta-bandeira, de passista, em
parceria com a Secretaria de Cultura. Nós criamos o Social Futebol Clube, um
projeto grandioso, hoje é uma cooperativa dos ex-atletas do Grêmio e do
Internacional, que já está em 12 comunidades carentes de Porto Alegre ensinando
futebol para 1.200 crianças. É verdade que o pai e a mãe saem para trabalhar e,
se não tiverem alternativas, projetos, ocupação, o vagabundo adota o filho! Um
dado impressionante: nas reuniões de avaliação que fazíamos na Secretaria de
Esportes em relação a essas questões, os professores diziam que não conseguiam
falar com os pais das crianças, que elas iam sozinhas para as atividades
esportivas e culturais, porque os pais estavam trabalhando. O que é óbvio! Eles
precisam trabalhar! Agora, para não deixar que o vagabundo adote essas
crianças, é preciso apresentar alternativas, projetos. Eu repito aqui: fora da
ocupação não há salvação para os jovens ficarem longe das drogas, das más
companhias, de todas as tentações que a vida oferece. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. IDENIR
CECCHIM:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, no fim de semana, lendo os
jornais, Ver. Villela – até falei para a Ver.ª Fernanda antes de vir à tribuna
–, vi uma notícia muito triste: haitianos que vieram para o Brasil procurando
empregos, procurando um local para viver gastaram seus míseros reais comprando
lotes de invasores. Eu fiquei muito triste nesse dia, nesse final de semana,
olhando aquilo, Ver. Delegado Cleiton. Aqui, nós, na boa-fé, discutimos e até
votamos as AEIS. Alertamos que havia muitos grileiros no meio desse setor, ou
desse movimento. E os jornais provaram isso no fim de semana. Não quero
reclamar de nenhum colega aqui, porque sei que não é intenção de ninguém aqui
fazer isto, mas só quero registrar e lamentar que isto aconteça: a exploração
daqueles que mais precisam, que estão desesperados por uma casa, por um lugar
onde morar, mas que perdem seu dinheiro num local invadido. E, muitas vezes,
acontece invasões de propriedades privadas em nome de um movimento, mas, no
meio desse movimento, há esse tipo de pessoas.
Eu escutei atentamente a Ver.ª Sofia e os demais
colegas falando sobre a entrevista do Secretário de Segurança. Acho que o Ver.
João Bosco sintetizou muito bem aqui o sentimento e até a declaração do
Secretário. Eu não gosto de dizer que esse ou aquele tem mais razões ou que
esse ou aquele é mais culpado. Mas, Ver.ª Mônica, a senhora foi muito feliz em
trazer os dados aqui. E que bom que estamos discutindo a semântica de uma
entrevista e não quem é que está dentro do gabinete do Secretário: bandido
ajudando a fazer a segurança – hoje nós não precisamos discutir isso. Nós
estamos discutindo a interpretação de uma entrevista sobre o papel da mulher,
que ela não sai, realmente, de casa porque quer, ela é obrigada porque precisa
ajudar a sustentar a família. O João Bosco falou isso muito bem.
Ainda sobre os seus dados, Ver.ª Mônica:
realmente, na segurança pública, diminuiu o número violentamente dos homens que
fazem a segurança. Eu não tenho dados sobre o quanto aumentou nos demais
setores públicos. Quantos professores nós tínhamos em 1970? Quantos professores
nós temos agora? Quantos aposentados nós tínhamos naquele ano? Quantos nós
temos agora? Quantas pessoas com idade boa e preparadas para estarem
trabalhando estão aposentadas e recebendo o mesmo salário no Estado? Só no
Estado acontece isso! Na iniciativa privada, não. Você recebe o salário do INSS
e vai continuar trabalhando. Eu não quero que se tire nada daquele que se
aposenta no setor público, em absoluto. Nada. Ele merece, trabalhou, está na
lei, ninguém é culpado. O funcionário público não é culpado de estar recebendo,
o Coronel da Brigada não é culpado de se aposentar aos 50 anos. Alguém que fez
a legislação para agradar e para ganhar voto, esse, sim, é o culpado. Ele fez
para ganhar voto, ele não se preocupou com o Estado. Eu não sei se é falecido,
se é primo, se é avô ou se é tio de alguém, mas esses são os culpados de
afundar o Estado – os que querem fazer favor com o chapéu dos outros, com o
dinheiro público, dando benesse para um e para outro com o dinheiro público.
Isso acontece aqui na Câmara também. Há muita gente ganhando muito aqui na
Câmara, e não são os Vereadores, e esses falam mal dos Vereadores aqui, nos
corredores, nos panfletos, ganham insalubridade para não fazer nada! Eu acho
que nós temos que nos insurgir contra as injustiças, contra os fofoqueiros dos
corredores, que enxergam os Vereadores como se fossem uns empecilhos, não
sabendo eles que estão aqui para a Câmara de Vereadores. Eu acho que nós temos
muita coisa para discutir: o número de brigadianos, o número de policiais
civis, quem é que dá aumento para pagar no outro governo. Ou não sabia o
governo passado que não tinha dinheiro para dar o aumento agora? Ou foi uma
chantagem que esse governo fez? Deu aumento e dizendo: “Se não for eu o
Governador, pode ser que você não receba”. Mas já sabia que não tinha o
dinheiro. Então eu acho que falta muita responsabilidade para quem faz as leis,
para quem dá aumento e para quem sabe que não tem dinheiro para pagar.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Boa tarde a
todas e a todos. Eu queria começar também repudiando veementemente a fala do
Secretário de Segurança Pública do Estado. Nós não podemos aceitar que tentem
responsabilizar as mulheres e a sua luta em prol da emancipação pela violência
social. Nós não podemos aceitar esta lógica de o Estado não garantir os
equipamentos básicos para as famílias, sobretudo as de baixa renda, como
creches – isso em vários municípios, inclusive em Porto Alegre, que tem uma
demanda gigante nessa área –, não garantir a segurança pública preventiva, que
tanto defendemos. E, na preventiva, Ver. Bosco, nós incluímos educação,
cultura, lazer, investimentos massivos, para garantir um arcabouço de direitos
sociais. Mas não, o Estado não só não investe como tira ainda o policiamento,
diminuído as horas extras, não chamando os concursados, e ainda tentam
responsabilizar – pasmem! – as mulheres pela violência social. Isso é
inadmissível, inaceitável. Felizmente as mulheres têm avançado na luta por
igualdade, mas ainda há muito que avançar.
No domingo eu estava vendo uma matéria que
informava que vai demorar quatro gerações para que, no ritmo das coisas, as
mulheres tenham os mesmos salários dos homens nas mesmas funções. Nós não vamos
esperar quatro gerações! Nós vamos lutar muito para garantir que as mulheres
que exercem as mesmas funções dos homens tenham os mesmos salários dos homens.
Mas isso mostra o tamanho da cultura machista, impregnada e reproduzida
cotidianamente nas nossas comunidades.
Em segundo lugar, eu queria responder ao Ver.
Idenir Cecchim que nós sabemos que o movimento social combate profundamente a
grilagem. E é necessário combater a grilagem, porque lutamos por moradia como
um direito social e como um método de luta, de mobilização permanente e de
reivindicação para que aquilo que está na Constituição Federal e no Estatuto da
Cidade seja cumprido, que haja a prerrogativa e haja a certeza de que o ponto
ímpar, a função social da propriedade, seja garantido. Não é o que nós vemos no
Brasil. Nós vemos a especulação imobiliária, que quer mudar leis; nós vemos a
especulação daqueles que deixam um terreno por 30 anos abandonado para tentar
explorar e, depois, ganhar benesses do Poder Público; nós vemos 52 mil
porto-alegrenses que não têm onde morar. Então, nós repudiamos, veementemente,
qualquer tipo de grilagem. A minha resposta ao Ver. Cecchim tem a ver com a
própria matéria: as lideranças comunitárias repudiam qualquer tipo de grilagem
e mostram que o método do Fórum de Ocupações Urbanas... Nosso companheiro,
lutadores e lutadoras, Juliano Fripp, todas as plenárias estão organizando um
movimento com o intuito de conquistar o direito à moradia e de combater esse
tipo de exploração. A própria nova líder da comunidade fala nessa questão, no
repúdio a qualquer tipo de exploração e à grilagem.
Nós queremos deixar isso registrado, porque,
obviamente, temos que combater, permanentemente, a grilagem; a grilagem dos de
cima, dos especuladores imobiliários; a falta de política habitacional do
Município, as reintegrações de posse, que significam deixar milhares de pessoas
nas ruas sem alternativa; a morosidade ou a inexistência de políticas
habitacionais no Município – o Minha Casa, Minha Vida existe há seis anos, e
menos de duas mil casas foram entregues para o povo de Porto Alegre –, e esses
combates são permanentes, todos eles. E é por isso que nós temos a certeza de
que aprovar um projeto que determina, como Áreas de Interesse Social, 14 áreas
ocupadas de Porto Alegre ajuda num passo inicial, que é a busca pela
regularização fundiária. É uma luta permanente, que tem que ser fortalecida em
todos os seus aspectos, mas que busca garantir o direito à moradia como um
direito humano fundamental.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Clàudio Janta está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. CLÀUDIO
JANTA: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, realmente, são dois temas de
extrema relevância. Sobre a questão das Áreas de Interesse Social, que o Ver.
Cecchim falou aqui, e essa reportagem todos viram, eu acho que é
importantíssimo que a Prefeitura faça o levantamento das áreas em Porto Alegre,
faça essa regularização fundiária. Nós não podemos ter essas pessoas ameaçadas
de perder seus imóveis, de perder suas casas, e isso vem acontecendo em vários
bairros de Porto Alegre porque não existe essa regularização. Bairros que não
foram criados ontem, que não nasceram nesse fim de semana ou neste ano, estamos
falando de bairros que existem em Porto Alegre há décadas, pode-se dizer quase
há séculos. Temos como exemplo o Bom Jesus, o Campo da Tuca, o Costa e Silva,
bairros que dependem de uma regularização fundiária, de uma regulamentação do
Município. Há muito que a CUTHAB vem alertando, vem brigando com essa questão
de grilagem. Na nossa Comissão – e estão aqui os seus membros – nós já
presenciamos casos de terras que foram repassadas por uma pessoa que já estava
morta, porque um dos grileiros tinha acesso a um cartório. O Ver. Delegado
Cleiton conseguiu fazer registro na Polícia, interveio, junto a um juiz,
fazendo com que a terra continuasse com as pessoas. A grilagem é uma questão
muito séria.
O que foi levantado sobre segurança pública não
é uma questão deste Governo, do governo passado ou retrasado, é uma questão
nacional. Nós vimos, esse fim de semana, barbáries aqui em Porto Alegre, como
vimos no Rio de Janeiro e em São Paulo. É uma questão que vem acontecendo no
Brasil inteiro, porque é um conjunto de coisas, e o principal conjunto dessas
questões não é porque o pai e a mãe estão trabalhando – meu pai e minha mãe
trabalharam a vida inteira –, a questão, hoje em dia, é a falta de punição, a
dificuldade de se achar agentes públicos, a dificuldade de se conseguir
repasses, já que, por lei, a União – e muitos já falaram em leis aqui – detém
mais de 62% do que é arrecadado no Brasil. A cada R$ 100,00 do que é arrecadado
aqui em Porto Alegre, 62%, no mínimo, vai para a União! Hoje, 62% de cada R$
100,00 arrecadado aqui no Município de Porto Alegre, hoje, vai para a União! E,
aí, o Município e o Estado são responsáveis pela saúde! O Município e o Estado,
que ficam com 20%, 24%, são responsáveis pela educação e são responsáveis pela
segurança pública! Hoje, a maioria dos municípios já tem Guarda Municipal!
Hoje, a maioria dos municípios é obrigada a fornecer as pré-escolas que a União
cortou, pois anunciou um corte muito grande de verbas.
A questão é muito mais profunda. Eu acho que nós
temos que trazer os exemplos das Unidades Pacificadoras do Rio de Janeiro para
o Brasil inteiro. Ontem, nós vimos a atrocidade que foi um jogo de futebol,
onde meia dúzia de jovens foram fuzilados, Ver. João Bosco Vaz. Isso se via na
Colômbia, na época do Pablo Escobar! Isso está se vendo diariamente no Brasil!
Uma pessoa foi fuzilada dentro de um ônibus na Av. Farrapos! Uma criança foi
morta num bairro de Porto Alegre com bala perdida! Então eu acho que a questão
da segurança pública é uma questão complexa, e quem está pagando essa conta são
os filhos dos trabalhadores! Quem morre nessa guerra são os trabalhadores! Quem
morre nessa guerra são os operários! Eu acho que nós temos que cobrar muito do
Governo Federal que mande mais recursos para a segurança pública, porque lá é
que detém 62% da receita.
Muito obrigado, Sr. Presidente. Com força, fé e
muita esperança nós vamos melhorar a vida dos trabalhadores e de suas famílias!
(Não revisado pelo orador.)
A Sra. Sofia Cavedon
(Requerimento): Sr. Presidente, solicito a alteração da ordem dos trabalhos,
para que possamos, imediatamente, entrar no período de Comunicações. Após
retornamos à ordem normal.
O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Em votação o
Requerimento de autoria do Ver.ª Sofia Cavedon. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que
o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.
O Sr. Delegado Cleiton
(Requerimento): Gostaria de parabenizar os policiais Israel Davidson e Paulo Roberto Prates por terem feito o parto da
menina Pietra Eduarda e dizer que a polícia continua para servir e proteger,
mesmo com baixos salários, mesmo com o corte das horas extras.
Gostaria, também, de solicitar um minuto de
silêncio pelo falecimento do Sr. Paulo Ricardo Correia e Correa, conhecido como
“gordo”; e do artista Laone Brasil, que faleceram nesta semana. Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Deferimos o pedido.
(Faz-se um minuto de silêncio.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Passamos às
COMUNICAÇÕES
O Ver. Carlos Casartelli está com a palavra em
Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Cassio Trogildo.
O SR. CARLOS
CASARTELLI: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, pessoal nas galerias, pessoal
que está nos assistindo pela TVCâmara, servidores da Casa; na verdade, eu ia
fazer esse comunicado na Sessão anterior, mas, infelizmente, tive de me
ausentar da Sessão, atrasou o período, então eu faço hoje. É um processo, um
apontamento do Tribunal de Contas da União em relação ao Hospital de Clínicas
de Porto Alegre, Ver. Marcelo Sgarbossa, um assunto que precisa ser trazido
para a COSMAM para que se possa discutir com a presença do Hospital de Clínicas.
O que o Tribunal de Contas da União aponta? Primeiro, a discussão se pode.
Mesmo que a lei desse hospital preveja o atendimento a pacientes privados ou de
planos de saúde, se isso teria, realmente, legalidade diante dos documentos, do
que foi assinado, posteriormente, pelo próprio Hospital de Clínicas, para
conseguir recursos como hospital-escola. O Hospital de Clínicas é um hospital
de ensino e, para ser um hospital de ensino, as portarias ministeriais definem
que é preciso que o hospital, se público, seja 100% SUS. E outras portarias,
como a do Rehuf, também assinadas pelo Hospital de Clínicas, definem a
necessidade de atender 100% ao SUS. O Hospital de Clínicas, todos sabem, atende
a pacientes privados, pacientes de convênios, planos de saúde. Mas o que o
Tribunal de Contas apurou é mais grave do que isso, porque é um hospital
público, 100% financiado; o que ele arrecada através dos planos de saúde não
chega a 5% do custo que o Hospital de Clínicas tem com a saúde, do
financiamento que é feito através do Ministério da Saúde, através do MEC; o que
ele arrecada de outras formas é muito pouco. Entretanto, lá tem mais de cem
leitos que são utilizados para pacientes privados, pacientes de convênios, mas,
o que é pior, pelo que constatou o Tribunal de Contas, é que esses pacientes
acabam tendo uma entrada privilegiada no hospital, já que tem um grupo, uma
área do hospital que recepciona unicamente esses usuários que não são do
Sistema Único de Saúde, então, com um tempo provável de fila de espera menor
para um procedimento, embora o Hospital de Clínicas, nesse apontamento do
Tribunal, se defenda dizendo que não tem como apurar a fila de espera dos
pacientes do SUS e de convênios, o que me custa a acreditar. O hospital é
informatizado, com um investimento de mais de R$ 700 milhões por ano; é
impossível que não tenha um sistema que não consiga ver qual é a fila de espera
para o SUS e qual é o tempo para a fila de espera para convênios e pacientes
privados.
Então, acredito que a COSMAM realmente precisa
chamar o Hospital de Clínicas, a Secretaria de Saúde e rever este contrato que
a Secretaria tem com o hospital, porque, infelizmente, o Hospital de Clínicas,
quando questionado, tanto pelo Ministério da Saúde, que questiona a Secretaria
Municipal de Saúde... Eu fui questionado, como Secretário ainda, pelo
Ministério da Saúde em algumas questões referentes ao Hospital de Clínicas;
repassei para que o Hospital de Clínicas fizesse as respostas – isso uns 30, 40
dias antes de deixar a Secretaria –, e tenho informações de que, até hoje, o
Hospital de Clínicas não fez a resposta reivindicada pelo próprio Ministério da
Saúde. Então, nós temos uma dificuldade muito grande em aceitar esse
atendimento dessa dupla porta de entrada, com favorecimento a pacientes que não
são do Sistema Único de Saúde e, pior, em algumas especialidades, aquelas onde
a fila de espera para o Sistema Único de Saúde é maior, como traumatologia,
cirurgia geral, exatamente onde mais o Hospital de Clínicas atende pacientes
particulares e de planos de saúde.
Então, acho que precisamos realmente rever essa
questão com a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, chamando a
Secretaria e o Hospital de Clínicas para esclarecem os apontamentos feitos pelo
Tribunal de Contas da União, estabelecendo, inclusive, o número de registro de
leitos que existem lá. Porque o CNES diz uma coisa – Cadastro dos
Estabelecimentos de Saúde, aponta um número, mas o Hospital de Clínicas aponta
um número maior de leitos, e esse apontamento maior, se não está no cadastro,
pode servir apenas para que mais pacientes, mais usuários de convênios e planos
de saúde privados possam se beneficiar da grande estrutura que o Hospital de
Clínicas tem, mas financiado 96% pelo Poder Público, pelo Estado brasileiro.
Penso que precisamos retomar essa discussão para
ver se pode realmente um hospital, como o Hospital de Clínicas, continuar com
atendimento que não seja unicamente pelo Sistema Único de Saúde, como é o Grupo
Hospitalar Conceição, como são o Hospital de Pronto Socorro, o Hospital Materno
Infantil Presidente Vargas, o Hospital Independência e agora o Hospital da
Restinga e Extremo Sul. Eu gostaria que a COSMAM chamasse e fizesse uma reunião
com essas instituições para que pudéssemos abordar esse tema. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Delegado Cleiton está com a palavra em
Comunicações.
O SR. DELEGADO
CLEITON: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, público que aqui nos assiste, eu estava subindo à
tribuna e alguém falou: “Esse é assumido!” Verdadeiramente, aqui, eu assumo
posições que realmente são minhas, posições que fazem parte do meu mandato,
posições que as pessoas que me elegeram me cobram na rua e, muitas vezes, as
pessoas que me elegeram me cobram posições contrárias. Mas eu assumo.
Eu estive vendo, um dia desses, e concluí que no
meu partido não sou só eu que tenho essas posições, às vezes, de assumir o que
é do coração, assumir o que é verdadeiro na sua história. Um dia desses, eu
estava lendo uma coluna do Senador Cristovam Buarque, que falava sobre a
menoridade penal, e ele, possivelmente, foi agredido por quem era contrário ao
seu posicionamento. Ele disse que não concorreria mais e que, se fosse
simplesmente para ganhar votos e para agradar gregos e troianos, ele não
prostituiria a sua forma de pensar. E eu penso a mesma coisa, senhores! Eu
respeito opiniões, mas também gostaria que respeitassem as minhas opiniões; eu
respeito posicionamentos, mas eu também gostaria que respeitassem os meus
posicionamentos, porque eles não vêm simplesmente do Cleiton, Vereador; vêm do
Cleiton, representante de 7 mil pessoas – 6.556 pessoas –, que, num domingo,
enfrentaram uma fila e pensaram: “Eu vou votar no Ver. Delegado Cleiton”. Eu
discuto questões com essas 6.556 pessoas – nem todo mundo tem a mesma opinião,
mas eu respeito. Muitas vezes, amigos meus se revoltam com um posicionamento
meu aqui dentro da Câmara, mas eu coloco que é uma questão minha, de coração e
de entendimento.
Então, é o que eu gostaria de colocar. Eu fico
muito triste, senhores, quando acontece o que o Ver. Idenir Cecchim falou aqui
desta tribuna, quando se falou na venda de terrenos por pessoas que poderiam
estar no seu canto, no seu espaço e estão ali para fazer de uma luta social uma
forma de comércio. E nisso, Vereador, concordo plenamente com o senhor. Eu
sempre disse, nas minhas reuniões, nas várias e várias reuniões que tive na
CUTHAB, que a minha luta aqui é para quem não tem terra, a minha luta aqui é
para quem não tem moradia, a minha luta aqui não é para esses achincalhadores,
para esses bandidos, para esses canalhas, esses que vendem terras e que se
aproveitam de uma luta social; esses são os verdadeiros canalhas, esses não
merecem que uma luta de muitos que necessitam, que muitas vezes procuram um
órgão público e não são beneficiados... Porque muitas vezes são beneficiados
“os amigos do rei”, muitas vezes são beneficiados por quem tem o poder em troca
de votos, Ver. Idenir. Da mesma forma, quando conversávamos ali no canto, eu
pedi que fizesse uma soma dos Vereadores do meu partido e dos Deputados do meu
partido que aprovaram os aumentos do funcionalismo na Assembleia e que
aprovaram seus próprios aumentos num momento que, de repente, não era o momento
correto. E pasme, Vereador, acho que nós temos maioria, o meu partido e o seu!
Então, quando a gente fala que se faz, às vezes,
uma política de politicagem para beneficiar A, B ou C, temos que debater dentro
dos nossos partidos para que mude esse tipo de sistema, porque senão vamos
virar o simples discurso do dia a dia. Obrigado, senhores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Engº Comassetto está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ENGº
COMASSETTO: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores presentes,
quero cumprimentar, na pessoa do meu colega Eng.º Grassi, todos aqueles que
lutam pela sustentabilidade do planeta e que estão aqui na defesa do Museu das
Águas de Porto Alegre. Cumprimento também o nosso sempre colega e querido Ver.
João Antonio Dib, que já foi Prefeito desta Cidade.
Porto Alegre é uma cidade que ainda está em
dívida com o seu rio. Ao longo dos anos já se cunhou a frase que Porto Alegre
está de costas para o rio, um estuário magnífico onde desaguam cinco grandes
rios que cobrem mais da metade do território do Rio Grande do Sul. E eu tenho o
privilégio de morar no extremo sul da cidade de Porto Alegre, de onde nós
retiramos anualmente toneladas de materiais, de resíduos, principalmente os
flutuantes, plásticos, isopor, sapatos e outros que vão pelo rio. A comunidade
de Porto Alegre apresenta a possibilidade, numa proposta concreta e real, à
qual o Prefeito já disse sim, de criarmos um centro de educação, um centro de
cultura, um centro de afirmação da biodiversidade, um centro de referência: o
Museu das Águas de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Creio que é também
pioneiro no Brasil. Tive a oportunidade, na Suécia, de visitar um, porque eles
têm milhões de anos na relação com as águas. E as águas são límpidas, todos
pescam dentro do centro da cidade. Então, esse é um tema que logo, logo
votaremos um indicativo ao Prefeito, e creio que os colegas Vereadores e
Vereadoras não têm nenhuma objeção quanto a esse tema.
Dito isso, quero aproveitar aqui meus dois
minutos que faltam ainda, Sr. Presidente, para retomar o tema, que está na
agenda brasileira, da proposta que está lá no Congresso Nacional, do PL nº
4330, que é sobre a terceirização. E quero dizer que a proposta, como foi
apresentada e como está colocada, e os partidos e as centrais sindicais que defendem
a sua aprovação estão num retrocesso da política trabalhista no Brasil, eles
estão no retrocesso de poder garantir o direito dos trabalhadores. Se for para
fazer uma transição, que ela supere sob o ponto de vista de não retroceder nos
direitos já existentes. O Senado, agora, acena em derrubar essa luta, em votar
contrário ao PL nº 4330. Esperamos que o Senado do Brasil assim o faça, até
mesmo porque o Senado tem poderes para fazer com que esse tema retroceda à
Câmara de Deputados, para que lá possam também debater e ouvir a sociedade
brasileira. É muito fácil dizer que com a terceirização vai se aumentar o
número de empregos. Nós não queremos a precarização na relação dos
trabalhadores no Brasil, nós queremos a superação dos problemas que existem. Queremos
aumentar o número de Carteiras de Trabalho assinadas. Queremos ver, como já
aconteceu no último período, milhões de brasileiros ingressarem no mercado de
trabalho, conseguindo ter a Carteira de Trabalho assinada, ter a sua relação
digna do funcionalismo com seus direitos garantidos, sejam eles de férias, de
13º salário, do seguro de saúde.
Eu concluo, Sr. Presidente, perguntando para
cada uma das nossas funcionárias terceirizadas que trabalham aqui se sofrem com
o não recebimento do dia a dia, não tendo os seus direitos estabelecidos. É
isso que se apresenta para todo o Brasil. Muito obrigado e um grande abraço.
(Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
(O Ver. Delegado
Cleiton assume
a presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Delegado
Cleiton): O Ver. Clàudio
Janta está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. João
Carlos Nedel.
O SR. CLÀUDIO
JANTA:
Sr. Presidente, Ver. Delegado Cleiton, eu queria agradecer ao Ver. Nedel e à
Bancada do Partido Progressista me concederem este tempo. Quero entrar num
assunto – comentado pelo Ver. Casartelli aqui – que considero muito importante
para esta Câmara de Vereadores, através da COSMAM, que na próxima semana
incluirá na sua pauta. Eu já havia feito uma denúncia sobre isso, sobre o atendimento
dos hospitais através dos planos de saúde. O ex-Secretário Casartelli diz aqui
que é o nosso Hospital de Clínicas de Porto Alegre, o qual recebe verbas
exclusivas. É um hospital-escola, recebe verbas do Ministério da Educação e do
Ministério da Saúde; recebe R$ 1,8 milhão do Fundo Municipal da Saúde, e, pelo
jeito, mais de 30% dos atendimentos são convênios. Convênios! Um hospital que
era para ser cem por cento SUS, porque é 100% financiado com dinheiro público.
E aí atende convênio com autorização de quem? Com ordem de quem? É um hospital
público, federal! Era para ser como os Hospitais Cristo Redentor e Conceição:
cem por cento SUS. E atende convênio?
Um hospital que recebe verbas altamente
sustentáveis de dois Ministérios e tira do Município de Porto Alegre, do
atendimento nas vilas de Porto Alegre, dos hospitais do Município de Porto
Alegre – HPS, Presidente Vargas, Parque Belém, Vila Nova, os hospitais que nós
vivemos reclamando desta tribuna que não funcionam – R$ 1,8 milhão. Aí destina
parte dos seus leitos para o atendimento particular, parte dos seus leitos e
consultas para convênios de saúde. Eu acho que isso é muito sério; é seriíssimo
usar o dinheiro do Município de Porto Alegre e ficar atendendo convênios. Acho
que esse assunto merece uma atenção desta Casa, merece uma atenção muito grande
da Comissão de Saúde desta Casa. Eu acho que nós temos que ir a fundo nisso.
Não pode um hospital-escola público – que recebe verba de dois Ministérios,
volto afirmar, do Ministério da Educação e do Ministério da Saúde, como os
Hospitais Cristo Redentor e Conceição – atender convênios, particulares e dar
prioridades à internação e atendimentos desses convênios e particulares.
Quero falar aqui, já que fui provocado na
questão da terceirização, que as quatro emendas que os nossos 16 Deputados do
Solidariedade apresentaram através do Deputado Paulinho garantem aos
trabalhadores a Carteira de Trabalho assinada, o Fundo de Garantia, o 13º
salário, as férias, a responsabilidade das empresas. Lá faltou os 69 Deputados
do PT apresentarem alguma emenda! Não se viu nenhuma emenda da Bancada do PT
que protegesse e garantisse o direito dos trabalhadores! Só se viu ficarem
reclamando, reclamando, como fizeram na Constituição de 1988.
O Sr. Idenir
Cecchim: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado, Ver. Janta.
Realmente, V. Exa. tem razão, a Bancada do PT se mudou para dentro da CUT, não
defendendo o que o Deputado deveria fazer. Eu queria cumprimentar a Bancada do
Solidariedade, os demais Deputados também, mas o Solidariedade pela luta que
está fazendo para a valorização da terceirização, e não está confundindo
cooperativa que trabalha sem Carteira de Trabalho e sem nada. A garantia que
foi dada nessas emendas e que é dada nessa lei tem que ser aplaudida, ao
contrário de quem quer se esconder atrás de um não, sem objetivos, aliás, com o
objetivo único de proteger a CUT.
O SR. CLÁUDIO
JANTA: Obrigado,
Vereador. Eu quero dizer que as nossas cinco emendas garantem o direito dos
trabalhadores. No Congresso Nacional, volto afirmar aqui, mais de trezentos
Deputados votaram a favor e somente cento e poucos votaram contra a
terceirização. A Bancada do Governo é a maior bancada do Congresso Nacional. O
Governo, que foi lá discutir sete emendas somente fiscais e arrecadatórias, não
discutiu nenhuma emenda para defender os trabalhadores. O Governo não
apresentou nenhuma emenda no projeto que defendesse os trabalhadores, mas ainda
tem tempo; talvez o Governo, agora, no Senado, apresente alguma emenda
defendendo os trabalhadores e talvez a Presidente Dilma vete o projeto da
terceirização. O Deputado Sandro Mabel, que já foi e é um grande aliado do
Governo Dilma no Congresso Nacional,
foi quem apresentou esse projeto.
Com força, fé e muita luta, vamos seguir lutando
para garantir os direitos e as conquistas dos trabalhadores, principalmente
para que a terceirização não destrua os postos de trabalho. Muito obrigado, Sr.
Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton): A Ver.ª Sofia
Cavedon está com a palavra em Comunicações,
por cedência de tempo da Ver.ª Jussara Cony.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Obrigada,
Ver. Delegado Cleiton. A Ver.ª Jussara Cony cedeu este espaço no período de Comunicações porque nós não temos mais
como fazer o debate do Museu das Águas na hora da votação, considerando que a
votação foi realizada sem quórum; então, quando entrarmos na indicação, será
diretamente para votar. A Ver.ª Jussara, que eu sei que compartilha e apoia
essa luta, emprestou este tempo para nós podermos mostrar às senhoras e aos
senhores que ainda não tinham se aproximado mais do tema do Museu que esse é um
movimento da sociedade civil, mas que já tem apoio, assinatura e construção de
entidades governamentais, de universidades públicas que desejam constituir, em
Porto Alegre, um museu para memória, preservação, educação e cultura em torno
da preservação deste bem precioso: a orla.
Quero cumprimentar a nossa querida Zorávia e o
Grassi e, em nome dessas duas pessoas, cumprimento o conjunto dos militantes
que aqui estão, inclusive a Kátia, Presidente da Associação Chico Lisboa, e o
nosso Presidente da Agapan, citando as entidades aqui presentes; o Afonso e a
Alícia Peres, em nome de todos, especialmente da Ver.ª Jussara.
Quero dizer, senhores, que essa é uma indicação.
Por quê? Ela tem o sentido político de lembrar ao Prefeito Municipal que ele
assumiu o compromisso com o Movimento Museu das Águas no dia 22 de março de
2012. Vocês estão vendo imagens deste momento, quando, inclusive, o Diretor do
DMAE assinou, também, o Protocolo de Intenções para a realização do Museu das
Águas. (Mostra imagens.) Março de 2012, depois de um passeio de barco, de um
momento muito bonito, momento que criou uma grande expectativa da sociedade
civil organizada de que a Prefeitura de fato priorizaria um espaço na orla do
Guaíba. Como ele se propunha a ser um espaço de educação, de efervescência
cultural, de acolhimento dos nossos estudantes, artistas, ativistas,
pesquisadores, ele não pode ser um lugar muito afastado, tem que estar integrado
nas águas do Guaíba. E o grupo de trabalho da orla, em especial o nosso colega
técnico, o funcionário Marcelo Allet, dedicado a esse tema há mais de dez anos,
fiz estudos sugerindo dois lugares na orla que pode ser qualquer uma, que o
Prefeito indique uma área entre a Usina e o Pontal do Estaleiro. O Marcelo
Allet apontou objetivamente duas áreas: uma, a partir de estudos, a área do
entorno do Anfiteatro Pôr do Sol, incorporado-o como um espaço cultural,
qualificando-o e ganhando essa dimensão das águas; a segunda área, no eixo
monumental do Parque Marinha do Brasil. Se traçarmos uma linha, seria a partir
do Shopping Praia de Belas. Esses dois lugares foram indicados na reunião do
IAB ao Prefeito e aos Secretários Municipais. Houve uma Tribuna Popular em que
a nossa querida Zorávia falou em nome do movimento do museu. Faltou dizer que
14 entidades assinam o protocolo e estão construindo essa caminhada. E é
essencial para o próximo passo a definição do espaço físico com as
características compatíveis com o projeto dessa natureza.
O Vice-Líder do Governo, Ver. Kevin Krieger, já
se comprometeu em promover uma reunião com o Tutikian, mas nós gostaríamos que
esta Casa formalmente indicasse e lembrasse ao Prefeito que ele tem o
compromisso, que a Cidade só ganha com o Museu das Águas, quando vai se
equiparar com as cidades do mundo que têm respeito por esse bem finito, por
esse bem que hoje assola milhões de pessoas por faltar e por se tornar tão
precioso, um bem que necessita de muito mais pesquisa, porque, lamentavelmente,
as nossas cidades, a nossa agricultura muito mais polui do que preserva o bem
precioso para a vida. Sim, ao Museu das Águas em Porto Alegre!
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para
uma Comunicação de Líder, pelo Governo.
O SR. NEREU
D’AVILA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, em primeiro lugar, saúdo
afetuosamente, o Ver. Kevin Krieger, novo Líder do Governo. O Ver. Ferronato
está ausente, mas quero dizer que ele foi um Líder muito competente, num
diálogo muito abrangente conosco e que, naturalmente, depois de um certo tempo,
ele tem outros planos. O Prefeito acedeu ao seu pedido, está colocando no seu
lugar um Vereador muito respeitado por todos nós, de grande poder de diálogo,
envergadura e competência, o Ver. Kevin Krieger, a quem saudamos neste momento.
Na próxima Sessão, o Prefeito estará aqui para investir, oficialmente, o Ver.
Kevin Krieger na Liderança. A pedido do novo Líder do Governo, querida Lícia,
companheira, e outras senhoras, com nosso respeito, pedimos ao novo Líder do
Governo que transmitisse às senhoras que – evidentemente, as palavras da Ver.ª
Sofia também encontra em nós ressonância – ninguém é contra o Museu das Águas e
muito menos duvida da sua grande importância. O que ocorre é que temos uma base
do Governo e temos um plano, exatamente, de ocupação da orla, também, naquela
área ali.
Então, eu pedi ao Líder do Governo para que
estabeleça um diálogo com o Secretário Tutikian para que as senhoras sejam
recebidas e transmitam a ele a possibilidade concreta, já com a nossa simpatia
por essa situação, sabendo que tudo evolui. Hoje, se for colocada a matéria,
nós somos de uma base governista, que já teve um problema de crise em que o próprio
Prefeito licenciou-se no nosso partido PDT, por questões da base do Governo.
Nós temos a franqueza de dizer que não é nada contra o Museu das Águas, muito
menos em relação à grande ideia, ao valor das águas, evidentemente que não.
Simplesmente, é uma questão de Governo. Se for colocada a matéria hoje, nós
teremos que votar contra, e votaremos contra, e não seria bom. Peço à Ver.ª
Sofia Cavedon que peça o adiamento para que encontremos uma solução, para
mostrar que de maneira alguma é em relação ao mérito da matéria, mas,
simplesmente, uma questão de Governo que já estava colocada. Esse foi o pedido
do Líder de Governo, que eu estou transmitindo.
Também queria referir, a pedido do Presidente
desta Casa, Ver. Mauro Pinheiro, que neste momento está ausente – dei anuência
em relação a seu pedido –, que se adiasse a votação do projeto de minha autoria
que instituirá um plebiscito sobre o cercamento do Parque da Redenção, que está
em primeiro lugar para votação na Ordem do Dia de hoje. Eu tenho um projeto há
mais de 25 anos a respeito do cercamento, nunca coloquei em votação porque, não
só nesta Casa, mas em toda a Cidade, sempre se radicalizaram os que são a favor
e os que são contra o cercamento. Radicalizou-se! Achávamos que a matéria
poderia ir amadurecendo. Como disse há dias, mostrando daqui uma matéria do
jornal Zero Hora, onde se acentuou a multiplicação dos motivos de segurança do
parque. Na matéria, o delegado
Abílio Pereira, responsável pela 10ª Delegacia de Polícia, disse que nunca viu tanta violência como
nos tempos atuais. No ano passado houve o esfaqueamento de um advogado, que
está impossibilitado, acamado, e o seu algoz está preso. Este ano, em pleno
meio-dia, houve o estupro de uma menina. Sábado passado, o jornal Zero Hora
publicou que foram roubados os fios do espelho d’água do chafariz. O Sinduscon
se predispôs a pagar por diversos monumentos que foram depredados, a despesa
não foi pouca; poupou-se a Prefeitura desta verba, foi tudo reconstituído,
muito bonito, e o que aconteceu? Quinze dias depois, estava novamente
depredado, pichado.
Então, eu digo, com a convicção que tenho, que
nós estamos na contramão da história. Quando Jânio Quadros foi Prefeito de São
Paulo, não se queria o cercamento do Ibirapuera. Hoje o Ibirapuera é uma
referência nacional! No Rio de Janeiro, o Parque Henrique Lage; em Brasília,
tem um parecido com a Redenção: abre às dez horas da manhã; fecha, no verão,
mais tarde, tem fiscalização tranquila; não vai haver cobrança. O Parque
Germânia, que foi votado por esta Casa, está lá maravilhoso, cercado. Então, o
cercamento não é gradeamento, não é cerceamento de liberdade; é, simplesmente,
um projeto arquitetônico: na minha concepção, teria quatro grandes portões nos
quatro lados, e se estabeleceriam horários de verão e de inverno. “Ah, mas tem
que botar mais iluminação!” As árvores, a fauna não pode ter muita iluminação,
é uma questão real. “Ah, mas, então, põe câmeras de segurança!” Quando eu fui
Secretário de Segurança Urbana e Direitos Humanos, nós colocamos. Agora, o
Secretário Mauro Zacher vai colocar mais câmeras de segurança. Então, o que é
que ocorreu? Ocorreu que o vídeo detectou um assalto, em uma manhã, há três
anos, no espelho d’água. Colocaram a vítima dentro d’água, a coitada, e
tiraram-lhe até as roupas. Eram quatro elementos. A Guarda, pelo vídeo, prendeu
os quatro elementos. Aí o rapaz assaltado não quis dar declaração na delegacia;
não se instaurou inquérito. Os vídeos de segurança vão detectar o que ocorrer,
mas não vão solucionar. No meu entendimento, não tem alternativa para a
preservação dos 37 hectares daquilo que é do povo. Domingo, a Redenção é um
conteúdo político maravilhoso para o povo de Porto Alegre.
Como não adianta votarmos pelo cercamento, é a
opinião de 36 Vereadores sim, mas eu prefiro que a população se manifeste.
Vamos fazer um grande debate fora daqui, nos meios de comunicação, na
sociedade, nas ONGs, e o povo se manifesta como se manifestou no Pontal do
Estaleiro em 2009. O que é que nós vamos votar quarta-feira? Um projeto que vai
atribuir um plebiscito ao povo. Se o povo achar que não deve cercar, eu,
democraticamente, ficarei calado, porque o povo assim decidiu. A última palavra
vai ser da população. O Presidente me pediu que transferisse para quarta-feira,
o que aceitei. Muito obrigado, Presidente Cleiton, pela sua generosidade em me
dar um pouco mais de tempo. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): Obrigado, Vereador. A Ver.ª Lourdes Sprenger
está com a palavra em Comunicações.
A SRA. LOURDES
SPRENGER: Sr.
Presidente, Ver. Delegado Cleiton; Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, público
que nos assiste; quero cumprimentar a Ver.ª Sofia pela iniciativa, junto à
sociedade civil, do Museu das Águas. Eu, que gosto e admiro a história, a sua
preservação, não estou aqui para fazer um debate e nem para defender o local,
mas eu deixarei uma sugestão de se pensar em um prédio espetacular, que é o
prédio do DMAE. A última vez que o visitei percebi que tem um amplo espaço
desocupado.
O meu assunto hoje é sobre uma visita que
fizemos ao Jardim Zoológico, que é em outro município, mas se trata de animais.
E lá existe uma polêmica, uma colocação de palavras que não foram bem
entendidas por quem publicou sobre o remanejamento de animais ou críticas à
equipe de funcionamento do Zoológico. E eu, como sou bem-estarista e entendo um
pouco de animais – animais domésticos –, fui até lá acompanhada pelo
veterinário Gabriel Souza – que hoje é Deputado e atua em um desses nichos dos
animais. E nós conhecemos a equipe, veterinários com mais de 20 anos de
trabalho, sociólogos, na área de nutrição, engenheiros agrônomos com curso
também na área de sociologia, e ficamos muito satisfeitos com as áreas que nós
visitamos e com os cuidados que os animais recebem. São animais raros que sofreram
algum dano e não podem retornar à natureza. O que mais me chamou a atenção,
além do elogiável controle, foi que a maioria dos animais, aqueles que são
atendidos, para não forçar a retirada da jaula com anestesia quando eles têm
algum problema de saúde, esses animais são retirados, anestesiados e
microchipados. E a microchipagem é controlada mediante fichários, porque o
sistema de informatização é muito lento. E é isso que nós defendemos também
para os animais domésticos: a microchipagem. Não é nada de tão exótico, é
econômico e evita que as pessoas abandonem os animais para os outros cuidarem,
para a proteção animal cuidar, ou para o Poder Público resgatar.
Então isso vem dar mais responsabilidade a quem
tem os seus animais, para que essas pessoas saibam que é caro, é muito caro
resgatar um animal. Nós não temos tantos espaços assim para recolocar animais.
As clínicas que nos atendem – e atendem bem – também cobram uma diária
significativa, e nós poderíamos deslocar esses recursos para mais procedimentos
de esterilização, visando ao controle populacional. Porque isso não é uma coisa
tão simples, e, hoje, nós vimos os problemas que estão ocorrendo nos municípios
do nosso Estado e de outros estados, onde os prefeitos não sabem mais o que
fazer, porque é uma questão de saúde pública. Com a última alteração de uma
portaria nacional, ficou um vácuo na área de quem vai repassar os recursos. E
vêm recursos cada vez menores para o controle de zoonoses, que são as doenças
transmissíveis por animais, atingindo principalmente a periferia. E quem atua
nessa área tem conhecimento de que não é um caso, são muitos!
Então é esse registro que quero fazer. E quero
dizer que o próprio Zoológico tem parcerias – ele poderá ter mais parcerias – e
também que lá entram muitos animais por determinação judicial, pelo tráfico de
animais. E lá chegam mais de mil de animais, muitas vezes são animais pequenos,
como pássaros, e para isso tem toda uma legislação federal que controla. Não é
simplesmente pegar um animal e doá-lo, repassá-lo. Esses animais fazem parte do
plantel que é enviado ao Ibama. Então o registro está feito. E são aos animais
que a gente sempre se reporta porque estamos inseridos, há muitos anos, por uma
questão de opção, num voluntariado. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
(O Ver. Mauro Pinheiro reassume a presidência
dos trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Ver. Mauro Pinheiro; Sras.
Vereadoras e Srs. Vereadores, o assunto é de muito tempo conhecido por todos os
colegas. O gesto, a ação talvez surpreenda! Mas, Presidente, está aqui o
protocolo de um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar os
festejos Farroupilha. Há muito tempo, mas há muito tempo, eu tenho feito apelo
desta tribuna. Eu tenho implorado daqui desta tribuna, eu tenho dito que esta
Casa não tem sido respeitada, mas eu não fui ouvido. Pedi, solicitei os
documentos para que se pudesse apurar com mais profundidade, com o objetivo de
dirimir dúvidas, negaram-me os documentos. Agora, há pouco tempo, compareceram
na Comissão de Finanças o Secretário da Cultura e os promotores do evento da
Semana Farroupilha. Pasmem, senhores, trouxeram informações bem apartadas da
realidade e, por surpresa deles, estava sentado ali um funcionário da
Prefeitura, da Fazenda Municipal, que logo a seguir, nos encaminhou um
documento que mostra que os valores são quase o triplo dos apontados ali.
Nós temos leis discutidas por esta Casa com o
objetivo de aprimorar, de nos dar mais condições de dar prazo para que aqueles
que promovem o evento dos festejos Farroupilha tivessem um pouco mais de
responsabilidade. Mas, mesmo assim, tendo uma lei específica dando prazo, eles
nunca atenderam.
Em 2009 – essa história já vem lá de trás –,
vendo que os colegas não me apoiavam, como apoiaram hoje, eu levei ao
Ministério Público de Contas. Pois permaneceram com os mesmos comportamentos!
Senhoras e senhores, nos parece que é tão fácil, que mesmo levando todo um
levantamento do ano de 2009, não mudaram de comportamento: as empresas
contratadas são as mesmas, os critérios de contratação são os mesmos, a falta
de transparência permanece a mesma. Sim, a falta de transparência. E esta Casa
tem como um dos seus compromissos, uma das suas obrigações, de acordo com a Lei
Orgânica e com o nosso Regimento, a fiscalização da aplicação dos recursos
públicos. Ali nós temos recursos públicos, verba! Verba que vem da Secretaria
da Cultura, money ao vivo. Temos
locações de espaço público. E nós temos muito dinheiro que é arrecadado com os
patrocinadores usando a Lei de Incentivo à Cultura. E também tem
responsabilidade, no que diz respeito às prestações de contas.
Então, senhoras e senhores, quero agradecer aos
Vereadores que, silenciosamente, assinaram este pedido de CPI. Quero pedir aos
Vereadores, especialmente aos da base, a alguns que não foram convidados a
assinarem esta CPI... Mas eu sei que eles também têm responsabilidade e sabem
dos problemas... Não o fiz em consideração, porque é constrangedor! E não foi
por falta de aviso. Mas tenha a certeza o Governo de que nós vamos trabalhar
com o objetivo de valorizar a aplicação dos recursos públicos nos festejos
Farroupilha. Presidente Mauro, muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O Sr. Alberto Kopittke:
Presidente, num sentido parecido, cumprimentando o
Ver. Bernardino pela atitude, a Bancada do Partido dos Trabalhadores vem aqui
também entregar em mãos a V. Exa. e dar conhecimento ao plenário de um Pedido
de Informações ao Sr. Prefeito sobre um conjunto de questões financeiras
ligadas ao carnaval da Cidade Baixa, repasses envolvendo as empresas Skol e a
NET. Solicitamos informações sobre o critério de distribuição desses recursos aos
blocos de carnaval e a transparência, bem como a abertura das contas do último
carnaval ocorrido na Cidade Baixa, porque também tem nos chegado um conjunto de
questionamentos por parte da sociedade sobre a transparência desses recursos,
no sentido também das preocupações que o Ver. Bernardino trouxe aqui e que
serão objeto da CPI.
(Procede-se à entrega do documento.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO
PUJOL: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, eu estive aqui, no início dos
trabalhos, e precisei me afastar em função de uma reunião programada na
Prefeitura Municipal, mas cheguei em tempo, ainda, de ouvir o Ver. Bernardino
Vendruscolo. O Vereador vem à tribuna num pronunciamento que não nos
surpreende, na medida em que é repetitivo em várias das suas colocações, como
ele mesmo admite, e que apresenta à Casa um requerimento para a constituição de
uma Comissão Parlamentar de Inquérito que se destina a objetivos que, penso eu,
estejam claramente expostos no requerimento encaminhado a esta Casa, que deve
estar, Ver. Villela, estabelecendo com clareza os fatos determinados pelos
quais faz a solicitação.
Se eu venho à tribuna, é menos por um dever de
solidariedade ao atual Secretário Municipal da Cultura, meu correligionário
Roque Jacoby, e muito mais em função de que, a cerca de uma semana, havia
tomado um compromisso aqui com o Ver. Bernardino Vendruscolo de que, em relação
às informações que ele, alegadamente, não recebia, eu iria solicitar à
Secretaria da Cultura que informasse, no que lhe concernia, essas mesmas
informações. E, por uma coincidência muito forte, eu fui informado hoje, ao
meio-dia, de que essas informações foram assinadas no dia de hoje e estão sendo
encaminhadas para a Câmara de Vereadores.
É evidente que esse assunto, pelo que eu
conheço, envolve uma complexidade muito grande; envolve, inclusive, vários e
inúmeros anos que antecedem a solicitação do Ver. Bernardino Vendruscolo, que
diz que faz essas solicitações desde 2010 sem receber resposta. Pessoalmente,
não me cabe outra colocação senão dizer que – conhecendo as pessoas que hoje
estão tratando desse assunto na Secretaria Municipal de Cultura, pessoas que há
dois anos tratam desse assunto, não só o Secretário, como também o servidor que
fez essas duas promoções, que, segundo levantamento da Prefeitura, foram
elogiadas durante o período da Copa como dois dos melhores acontecimentos que
aqui ocorreram, Ver. Mauro, não só por conhecê-los, mas por conhecer também os
fatos – vou ficar muito atento, vou discutir com o meu companheiro Dinho, que
participará dessa CPI, na medida em que ela for acolhida pela Presidência da
Casa, satisfeitos – que certamente haverão de ser – os pré-requisitos legais
que assim determinam que ocorra. E cito: o fato determinado, a causa de
pedirem, em última instância, e, sobretudo o número necessário de Vereadores,
os 12 Vereadores que, segundo me consta, assinaram esse pedido. No resto, o
tempo vai nos permitir que aprofundemos essa situação. Não tenho dúvida nenhuma
de que, como integrante de um Partido que jamais compactua com a corrupção –
nem em Porto Alegre, nem no Rio Grande do Sul, nem no Brasil –, se alguns fatos
vierem a ser demonstrados, não haverão de ser por nós acobertados. Em que pese
nós termos, aprioristicamente, uma confiança muito forte naqueles que, na área
da administração, procederam aos respectivos atos administrativos que, de certa
forma, estão sendo aqui impugnados no dia de hoje. Era isso, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro – às 16h15min): Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e
bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC. Nº 1685/13 – PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 170/13,
de autoria do Ver. Nereu D'Avila, que convoca consulta à população, mediante
plebiscito, a respeito do cercamento do Parque Farroupilha. Com Emendas nºs 01 e 02.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela
inexistência de óbice de natureza jurídica para a tramitação do Projeto e das
Emendas nºs 01 e 02;
- da CEFOR. Relator Ver. Cassio Trogildo: pela
aprovação do Projeto; Relator Ver. Idenir Cecchim: pela aprovação das Emendas
nºs 01 e 02;
- da CUTHAB. Relator Ver. Delegado Cleiton: pela
aprovação do Projeto e da Emenda nº 01; Relator Ver. Clàudio Janta: pela
aprovação da Emenda nº 02.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia em 01-04-15 por força do art. 81
da LOM.
O Sr. Nereu D'Avila
(Requerimento): Sr. Presidente, o nosso projeto seria o primeiro da
priorização de votação, mas, atendendo a um apelo de V. Exa., com o qual
concordo, requeiro o adiamento da discussão do PLL nº 170/13 por uma Sessão.
A Sra. Sofia Cavedon (Requerimento):
Sr.
Presidente, em função da presença dos ativistas pelo Musa, solicito a alteração
da ordem da priorização de votação, para que possamos, imediatamente, passar à
votação da Indicação nº 013/15, de minha autoria. Dessa forma, o PLL nº 067/14,
também de minha autoria, que está em segundo lugar na priorização, passaria
para o quinto lugar. Após retornaremos à ordem normal.
O Sr. Mario Manfro (Requerimento): Sr. Presidente,
gostaria de solicitar, em virtude da premência da data, a alteração da ordem da
priorização da votação, para que possamos, logo após a votação da Indicação nº
013/15, passar à votação do Requerimento nº 033/15. Após retornaremos à ordem
normal.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Em votação o Requerimento de autoria do Ver.
Nereu D’Avila. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se
encontram. (Pausa.) APROVADO.
Em votação o Requerimento de autoria da Ver.ª
Sofia Cavedon. (Pausa.) O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento
de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon.
O SR. REGINALDO
PUJOL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, antecipo o meu voto: sou favorável à antecipação
da votação do projeto. Eu vou agregar ao debate um fato novo: eu acredito que
exista permissão no Regimento da Câmara para que se faça nessa indicação uma
pequena emenda, que, se for admitida, eu teria o prazer de subscrever. É que
encaminhando essa matéria outro dia, quando ela foi à votação e por falta de
quórum não teve sua conclusão estabelecida, eu disse que, se não houvesse um
estabelecimento de uma fixação prévia com relação à construção do Museu das
Águas, todo mundo ia ter dificuldade de votar a favor. No meu entendimento,
quando a Vereadora sugere ao Governo Municipal a definição de uma área na orla
do Guaíba, entre a Usina do Gasômetro e o Portal do Estaleiro, ela não faz uma
indicação abrindo a possibilidade de definição, ela marca a definição. Terá que
ser entre Portal do Estaleiro e a Usina do Gasômetro. Eu queria dizer o
seguinte: a orla do Guaíba é muito grande. Essa parte inicial da orla está
ocupada por vários equipamentos públicos e eu acho que nenhum de nós deseja
desocupá-los, porque estão cumprindo as suas finalidades. O projeto da orla,
nessa primeira etapa, está definido. Consolida e consagra, Ver. Villela – V.
Exa. que é o grande responsável pelo Parque Marinha do Brasil, pelo Parque da
Harmonia –, essas áreas. Essa primeira etapa entre o Monumento das Cuias e o
Gasômetro está totalmente consolidada, a área onde está o Anfiteatro Pôr-do-Sol
está consolidada, a área onde estão os vários campos de futebol, de esporte,
nenhum de nós quer tirar isso. Ninguém quer, Ver. Bosco, terminar com esses
campos de futebol. Então, se fosse possível, se regimentalmente eu puder fazer
uma emenda em que eu estabeleça que é o Governo que sugere a definição de uma
área na orla do Guaíba para a construção do prédio arquitetônico do Museu das
Águas de Porto Alegre, eu vou subscrever essa emenda e vou batalhar para que
ela seja aprovada por unanimidade. Porque todos nós queremos que seja feito o
Museu das Águas aqui em Porto Alegre e achamos, Ver. Nedel, que, pelas suas
características, ele deva ser na orla do Guaíba. Agora, o que eu não posso é
dizer para o Prefeito que ele tem que fazer num determinado espaço físico, que,
a meu juízo, já está ocupado. Só faltava eu estar fazendo uma definição disso e
dizer que eu estava querendo, como gremista, terminar com o Gigante da
Beira-Rio, terminar com o Parque Gigante, terminar com o que já está
consolidado. E eu não quero. Eu tive a oportunidade de conversar com algumas
pessoas antes do início da Sessão a esse respeito e, se eu pudesse fazer essa
correção, com maior prazer eu votaria a favor e solicitaria o apoio de todos os
colegas, Ver. Prof. Alex Fraga. Porque eu acho que, se o objetivo é fazer uma
demonstração de força política da Câmara, apelando ao Governo no sentido de
definir uma área para o Museu das Águas, nós flexibilizarmos esse quesito e não
torná-lo impositivo, facilita sobretudo a sua aprovação na Casa e aceitação
pelo Governo logo ali adiante. Não vamos nos esquecer que uma indicação é uma
sugestão, que terá que ser bem acolhida pelo Prefeito. Eu me proponho, feita a
alteração, não só batalhar pela sua aprovação aqui como sensibilizar – e penso
que não terei dificuldade nenhuma de ajudar nesse particular – o Prefeito para
que estabeleça, ao longo desses 40 quilômetros de orla do Guaíba, um lugar
adequado para que tenha finalmente o Museu das Águas aqui na cidade de Porto
Alegre.
Por isso, voto a favor da antecipação e espero
que a Diretoria Legislativa me esclareça se há esta possibilidade dessa emenda
supressiva, que, pelo que eu observo da fisionomia do nosso Diretor
Legislativo, parece que não é permitida.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Vamos analisar o seu pedido, Ver. Reginaldo
Pujol, mas acreditamos que não.
A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra para
encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon.
A SRA. JUSSARA
CONY: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, queria cumprimentar a todos
vocês que estão não apenas no dia de hoje, mas há muitos anos nesta luta e que
se articulam com a Câmara de Vereadores, que é um espaço estratégico importante
para a articulação da sociedade. Vocês me permitam fazer isso em nome da
Zorávia Bettiol e da Lícia Peres, por um processo de anos e anos, de conhecer
essas duas mulheres, que nos representam muito bem, representam o meio
ambiente, representam a cultura, representam a democracia, que acho que é isso que
nós buscamos hoje aqui.
Eu tive o prazer de ceder o meu tempo em
Comunicações à Ver.ª Sofia porque ela é a autora dessa indicação e, naquele
momento, ela também falou em nosso nome. Por que não podemos fazer a discussão?
Porque encerrou o tempo de discussão na votação da Sessão e a indicação acabou
não sendo votada porque não houve quórum. A discussão foi encerrada no momento
em que a indicação foi colocada em votação.
Eu quero sugerir a todas as bancadas, tanto de
oposição quanto de situação, que nós pudéssemos votar hoje essa indicação, e
votemos a solicitação da Ver.ª Sofia de inversão da Pauta, até em respeito à
presença de vocês. Justifico o requerimento, exatamente, porque vocês são os
construtores dessa ideia, e que bom que essa ideia que vem sendo construída
teve repercussão com essa indicação nesta Casa. A Bancada do PCdoB, desde o
primeiro momento, é parceira da Ver.ª Sofia nessa indicação. E, também, pelo
trabalho que foi realizado pela própria Prefeitura Municipal, porque nós temos
funcionários de carreira que contribuem, que dialogam com vocês, inclusive está
presente aqui o Marcelo Allet, que acompanhou a elaboração de um processo como
esse. Digo isso como funcionária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Senhores, é apenas uma indicação. E por que
nesse lugar? Para se contrapor! O Prefeito pode até dizer que não, mas a Câmara
Municipal está aceitando a indicação, fruto de um trabalho, fruto de uma luta.
E por que na orla? Eu creio que a orla é o lugar ideal por ser um espaço de
preservação, de recreação, de convivência humana, de turismo ambiental, e o
museu, a luta de vocês e desta Câmara Municipal, vai ajudar nesse importante
processo. O que é um museu, seja ele do que for, e, principalmente, das águas,
na nossa orla? Um museu é história, um museu é ambiente, um museu é
conservação, um museu é geração de economia, um museu é um espaço... Eu não
consigo ver o Museu das Águas, com a luta toda, esta Câmara Municipal aprovando
uma indicação para o Prefeito, que não seja na orla! Aliás, todos nós devemos
participar para que a orla não seja um espaço reservado para determinadas
questões, mas que seja uma orla para todos nós, e o museu vai dar essa
condição. A indicação não é uma imposição ao Prefeito, mas é um dever e um
direito da Câmara fazer, exatamente, nessa articulação com a sociedade, que
vocês tão bem estão representando, um trabalho que vem pronto, vem realizado,
vem pensado, vem elaborado, vem articulado. O que a sociedade demanda, Ver.ª
Sofia, nós também temos que acolher, é o nosso dever, e estamos fazendo uma
indicação.
Então, além da importância de votarmos a
inversão da ordem de priorização para que a Indicação nº 013/15 seja votada
imediatamente, já deixo aqui, em nome de homens e mulheres que têm história na
área ambiental, na luta pelas águas do nosso meio ambiente, da nossa cultura –
porque museu é cultura, é história, é dignidade de um povo –, que essa orla,
sem o museu, não será a orla que Porto Alegre merece. Era isso. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE
(Mauro Pinheiro): O Ver. Prof. Alex Fraga está com a palavra para encaminhar a
votação do Requerimento de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon.
O SR. PROF.
ALEX FRAGA: Boa
tarde, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores; Mauro Pinheiro, nosso Presidente;
público que nos assiste nas galerias e pela TVCâmara. Eu venho comentar o
Requerimento da Ver.ª Sofia, porque, como bem foi lembrado pela Ver.ª Jussara
Cony, essa indicação já entrou em votação, portanto não teríamos como discutir
ou voltar a discutir a matéria. Novamente vou destacar alguns pontos-chaves que
eu lembrei quando discutimos a indicação.
Primeiramente, como bem destacou a Ver.ª Sofia
Cavedon, o Protocolo de Intenções assinado pelo nosso Prefeito não é de hoje,
ele assinou em março de 2012 - temos aí três anos. Se nós deixarmos vago para o
Prefeito José Fortunati ou para o seu Vice, Sebastião Melo, talvez nós todos,
aqui, não venhamos a ver esse projeto, pelo menos, garantido. O nosso Prefeito,
essa gestão, demora demais! São três anos só para analisar a área em que vai
ser colocado, sendo que ele já assinou um Protocolo de Intenções de colocar
naquela região. Outra coisa, Nedel: a Ver.ª Sofia Cavedon passou algumas
imagens do nosso Prefeito José Fortunati assinando, em março de 2012, um
Protocolo de Intenções para a colocação do Museu das Águas. Conforme o Ver.
Reginaldo Pujol destacou, nós temos 72 quilômetros de orla.
O transporte
público na nossa Cidade é uma vergonha. Para quem mora no Extremo-Sul de Porto
Alegre, é um fiasco. Se nós colocarmos, vamos supor, de Ipanema para baixo, o transporte coletivo é um horror! Nos bairros Ponta
Grossa, Serraria, Belém Novo, Lami, é terrível! Agora, vamos colocar o Museu
das Águas lá no Extremo-Sul de Porto Alegre? Eu, que sou morador da região, não
concordo. Como é que as pessoas vão chegar a esse museu? Ele vai ficar isolado,
longe de tudo, da visitação do público, que é o principal interessado em ter
esse instrumento de educação. Temos que colocar esse instrumento próximo do
Centro de Porto Alegre – quanto mais próximo, melhor – para socializarmos esse
espaço de construção de consciência crítica a respeito da preservação do meio
ambiente. Eu acho que o melhor lugar seria um em que pudéssemos utilizar,
também, outros modais de transporte.
O transporte
hidroviário é possível na nossa Cidade, mas, infelizmente, existem muitas
pessoas que detêm o poder e que morrem nos bolsos dos empresários do transporte coletivo, dessa máfia que gerencia e
controla o transporte de ônibus da nossa
Capital. É por isso que o metrô não sai do papel, é por isso que o transporte hidroviário não sai do papel, é por isso
que Porto Alegre vai continuar séculos para trás em termos de transporte coletivo. Precisamos de alternativas. Nós
não precisamos de um Prefeito ou de uma gestão reativa, que reaja às
dificuldades. Nós precisamos pensar em termos de futuro, e o futuro é o amanhã.
Vamos esperar para que daqui a duas, três gerações as coisas saiam do papel?
Que coisa triste! Porto Alegre parada no tempo!
Essa é a minha visão, e compartilho, acredito
eu, com a maior parte da população desta Cidade. Precisamos ir adiante, e essa
gestão não vai, ela está paralisada. Ela usa argumentos de que não há verbas,
recursos, ela não pensa em termos de futuro, não pensa! Portanto, não faz!
Espero que essa indicação saia do papel. Espero
que esta Câmara possa mostrar um caminho à Prefeitura que anda cega, muitas
vezes, sem ver o futuro da nossa Cidade. Boa tarde.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra para
encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon.
O SR. IDENIR
CECCHIM: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, eu acho que a ideia do Museu
das Águas é muito boa. Nesse final de semana, fui a São Paulo visitar minha
filha e me preocupei com duas coisas: o Museu das Águas, que estão organizando
lá na CEAGESP, dentro de uma estação, para que não tenha dono. Museu é de
todos, não deve ter dono. Tenho certeza que essa é a intenção de todos que
estão aqui.
Fui ver sobre o museu e como estão funcionando
os food trucks. Acho, Ver. Alex Fraga, que o seu discurso foi bom para
perder a votação; me desculpe, mas V. Exa. ataca toda a gestão, chama de
inerte, de alguns adjetivos, e, com isso, alguns votos que eram a favor agora
são contra. O meu foi um deles. Mais uma vez, quero dizer que museu não é para
ser construído nessa orla. Já tem projeto! Museu das Águas se faz também onde
se controla, se trata a água, onde dá para ter aula para as crianças, mostrar a
elas como se cuida da água, inclusive a poluída. Por que tem que ser na margem
do rio? Por que tem que construir outra estrutura? Não é só verba, não! Lá em
São Paulo, o Prefeito é do PT, e o Museu das Águas é na CEAGESP, dentro da
cidade de São Paulo. Não é em Santos, e não é na beira do rio – também pudera,
porque o rio está muito poluído lá.
Eu acho que escolher lugar onde quer se fazer
museu com dinheiro público – eu imagino que seja com o dinheiro público – não é
bem assim! Tem que ter o museu, sim, isso eu concordo, mas que se use, por
exemplo, um dos locais mais bonitos que temos em Porto Alegre, a hidráulica do
Moinhos de Vento. Aquilo é um local que dá para mostrar para o pessoal da
escola, o pessoal da faculdade, e até para nós, que somos mais velhos, como funciona
o tratamento da água e o que se gasta para tratar uma água poluída. O Museu das
Águas é para isso, sim, é para falar do aquífero Guarani, que nós não
enxergamos; é para tratar de águas que vêm poluídas lá de cima. Por que tem que
ser aqui na orla? Para facilitar a quem? Para ajudar a quem? Para meia dúzia!
Não, não é! O Museu das Águas é para toda a Cidade, não é para meia dúzia de
interessados. Temos que ter o Museu das Águas, sim, senhor, mas onde todos
possam participar e que haja pessoas, inclusive, educadas para ouvir, senão,
não dá para ter Museu das Águas para transmitir a boa maneira de preservar a
vida, com a água. Se nós queremos preservar a vida, temos que fazer o museu.
Agora, escolher o lugar onde se quer fazer, aí é diferente, aí é interesse
diferente, que não é o de todo mundo. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra para
encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon.
O SR. AIRTO
FERRONATO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, senhoras e senhores que estão
conosco nesta tarde, quero dizer que vou votar favorável ao Requerimento da
Ver.ª Sofia, que pede para que a indicação seja votada imediatamente. E me
posiciono, basicamente, na mesma direção em que se posicionou o Ver. Reginaldo
Pujol. Só que a posição do Ver. Reginaldo Pujol, que não definiria o espaço,
está superada em razão do adiantado que estamos aí. Sou favorável ao Museu das
Águas na orla do Guaíba. E mais, eu acho que a manifestação do Ver. Alex foi
trágica de que “Porto Alegre está no caos, nada funciona, a Prefeitura não
anda...”, isso são palavras da oposição, que nós respeitamos, mas são palavras
da oposição. E nós aqui, meus caros Vereadores, sempre criticamos aquela
proposta de projeto de lei da Câmara impondo “tem que ser... fica o Executivo
obrigado...”, e sempre nos posicionamos, Ver.ª Jussara Cony, na ideia da
sugestão, da indicação. Portanto, acredito que a indicação, que é uma sugestão
que tem peso, sim, leva a posição da Câmara e é bem-vinda. Eu, por exemplo, fui
o autor – e deu uma confusão generalizada – na questão da preservação da orla
do Guaíba nos seus mínimos de 60 metros, lá no Pontal do Estaleiro, e vejo com
alegria o projeto que apresentam respeitando os 60 metros.
Portanto, acredito que, como a orla é universal,
precisa ser de todos os cidadãos de Porto Alegre, e um museu na orla é um
espaço da cidadania de Porto Alegre. Se não há a possibilidade técnica, ou a
possibilidade de se colocar dentre esse espaço sugerido, que se coloque um
pouco mais adiante, um pouco mais no canto, mas que se faça esse museu na orla
do Guaíba. Isso é para a cidade de Porto Alegre e para o cidadão de Porto
Alegre. Não dá para admitir construção de espigões privados na orla do Guaíba
sem a preservação mínima dos 60 metros. É bom, muito bom para a cidade der
Porto Alegre. Aquele abraço, obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra
para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon,
pela oposição.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Boa tarde a todos e a todas; ainda bem que a intervenção do
Ver. Ferronato precedeu a minha, porque eu estava muito preocupada que o Governo
sequer quisesse votar um requerimento de antecipação, Zorávia. Nós estamos
discutindo antecipar, botando o projeto como o primeiro. Eu estava muito
preocupada com o teor do discurso, Ver. Cecchim, sobretudo em relação à orla.
Nós temos a compreensão, obviamente, de que a orla deve ser de todos, e é por
isso que nós estamos lutando para que tenha o Museu das Águas, apoiando os
movimentos sociais que estão lutando para ter esse museu. Estamos lutando
contra uma lógica de querer colocar shopping
centers no início e no final da orla
do Guaíba, de botar espigões no início e no final da orla do Guaíba, de fazer
projeto por notório saber com Jaime Lerner num projeto de revitalização que não
é discutido com a Cidade e não é construído com a identidade histórica da
cidade de Porto Alegre.
Nós
estamos revoltados com a ideia de botar, Ver. Alex – que falou, de forma
brilhante, do desgoverno que nós estamos vivendo neste momento no Município de
Porto Alegre –, quatro mil carros na Av. Mauá e quatro mil carros no Pontal do
Estaleiro. Nós estamos contra a ideia de ter espigões de 80 metros de altura
ferindo aquilo que está no Plano Diretor da nossa Cidade, que a orla tem que
servir para esporte, cultura, lazer. Nada mais justo do que um museu para
devolver para a Cidade a possibilidade de se reencontrar com a história, a
gestão do rio Guaíba e, ao mesmo tempo, ter uma compreensão coletiva da
importância do meio ambiente e da importância de discutir um bem tão precioso
como a água. A política de gestão da água tem sido sucatada pelos governos a
ponto de a gente ver a crise que vive São Paulo. É uma crise justamente fruto
da irresponsabilidade dos governos que pensam que a água é um bem permanente:
na verdade, eles não só desperdiçam como não têm uma gestão pública capaz de garantir
a água como um direito da nossa população.
Então,
eu espero que essas votações sejam por unanimidade: tanto a do requerimento de
antecipação, quanto a da indicação da Ver.ª Sofia. Nós subscrevemos essa
indicação, quando teve a Tribuna Popular com o movimento. A Zorávia Betiol
esteve aqui e falou em nome de todas as entidades, e tem ativistas de muitas
lutas nos acompanhando aqui na tarde de hoje. Essa indicação nasceu como parte
da pressão de um movimento que já tinha sido feito anteriormente e que tinha,
inclusive, a assinatura do Prefeito em março de 2012. E nós, que queremos a
orla para todos, temos que deixar claro nas nossas votações se quer a orla para
todos significa ter projetos de cultura, esporte e lazer na orla do Guaíba e,
não, projetos de entrega para a especulação imobiliária, do nosso patrimônio da
nossa história, que é o que acontece com o cais, que é o que acontece com o
Pontal e que é o que nós estamos lutando contra na tribuna e nas ruas de Porto
Alegre. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Engº Comassetto está com a palavra para encaminhar a
votação do Requerimento de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon.
O SR. ENGº COMASSETTO: Sr. Presidente, meus colegas Vereadores, Vereadoras,
senhoras e senhores que nos acompanham pela TVCâmara, bem como os presentes, na
verdade, não precisaríamos nem fazer essa discussão da antecipação da votação,
porque a cidade de Porto Alegre, Ver. João Bosco Vaz, tem na sua essência a
participação e a democracia participativa. Só que a democracia participativa se
constituiu quando ela é realizada na sua essência. Diante disso, eu quero
cumprimentar, e estão aqui presentes conosco, nada mais, nada menos, do que a
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, a Associação
Rio-Grandense de Imprensa, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural,
a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a Metroplan, que é do Governo do
Estado, representação do DMAE, que é do Governo Municipal; o Lions Club da
cidade de Porto Alegre, e poderia citar muitas outras, mas quero me referenciar
às personalidades, fazendo aqui um resgate da memória do nosso saudoso Glênio
Peres, e está ali a Alice Peres, que representa aqui uma postura dos democratas
desta Cidade e que construíram e constroem a democracia. Tanto que o coração da
nossa Cidade leva o nome de quem? De Glênio Peres.
Faço
essas referências para dizer que esse é um tema por demais importante,
propositivo, interessante e atual para que venhamos fazer qualquer disputa
política aqui. E eu creio que o Prefeito Fortunati, que conheço desde quando
era somente bancário, se tem alguma orientação em não votar a favor desse
projeto, é porque ele está mal informado. Por quê? Porque a Ver.ª Sofia, Ver.
Cecchim, diferente do que o senhor falou aqui na tribuna, não está determinando
nenhum local para ser feito o museu. Ela está fazendo um indicativo que, entre
a Usina do Gasômetro até o Pontal, possa se instalar ali nesse perímetro, nessa
tangente, nessa periferia de território com a água, ou nessa interface com o
rio. E aí, Ver. Villela – o senhor que foi Prefeito –, se eu tivesse
prerrogativa de dizer onde deveria se instalar ao longo desse perímetro, eu ia
dizer: Sim, aceitamos o indicativo, e se instale sabe onde? Ali na foz do
Arroio Dilúvio, que é a parte mais poluída das águas. Até para fazer com que
aquilo deixe de ser uma realidade e passe a ser uma virtude da cidade de Porto
Alegre. Quero dizer que os Vereadores que propõem isso são os mesmos que
votaram e que construíram, lá atrás, um projeto chamado Socioambiental, e
votaram aqui pela liberação dos recursos do Governo Federal, R$ 850 milhões,
para serem aplicados onde? Na recuperação das águas e dos esgotos da cidade de
Porto Alegre. E esses recursos estão sendo gastos, mas as águas continuam
poluídas. Portanto, aqui, a afirmação da cidadania, com a presença dos senhores
e das senhoras, com esse tema do Museu das Águas, que seria uma referência e um
baluarte – como já disse antes – cultural, social e ambiental, será ou não será
um cartão postal para a cidade de Porto Alegre? É óbvio que será um cartão
postal para a cidade de Porto Alegre! Então eu creio que nós devemos aceitar
não só a antecipação, como votar por unanimidade esse indicativo e ajudar a construir
esse museu, que será uma referência para a cidade de Porto Alegre. (Palmas.) Eu
concluo aqui, Ver. Cecchim, o senhor cometeu um equívoco aqui, a CEAGESP é a Central
de Abastecimento de São Paulo, não tem nada a ver com o tratamento das águas.
(Aparte
antirregimental do Ver. Idenir Cecchim.)
O SR. ENGº COMASSETTO: Não tem nada a ver. É Sabesp, é parecido. Eu falo aqui até
por conta dos registros, meu colega Ver. Idenir Cecchim, desculpe, não é
nenhuma...é só para fazer a correção. Quero dizer o seguinte: entre as empresas
estaduais, neste momento, quem mais deve uma explicação sobre a gestão e
condução das águas para a Nação brasileira é justamente a de São Paulo, a
Sabesp. Foram gastos milhões lá, falta projeto, e São Paulo esteve na iminência
de morte como cidade metropolitana, neste momento. Portanto, em Porto Alegre,
nós não podemos seguir esse caminho.
Eu
concluo aqui, Ver.ª Sofia Cavedon e demais colegas Vereadores: temos de
antecipar e temos de votar favoravelmente em respeito à cidadania e à presença
de todos, senhoras e senhores aqui presentes. Um grande abraço, muito obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para encaminhar a
votação do seu Requerimento, como autora.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Obrigada,
Vereador-Presidente, senhoras e senhores. Primeiro, quero dizer que a
oportunidade do requerimento nos deu a condição de voltar ao debate com o
conjunto dos Vereadores e Vereadoras, porque quando nós discutimos esse tema
indicação, no final de quarta-feira, havia um esvaziamento importante no
plenário. E eu acho que é uma oportunidade muito rica de debatermos os destinos
de nossa orla e uma iniciativa importante e significativa de entidades muito
representativas: uma iniciativa representativa da cidadania ativa na nossa
Cidade. É, talvez, a característica mais bonita da Cidade de Porto Alegre, Ver.
Idenir Cecchim, não foi à toa que quatro Fóruns Sociais Mundiais aconteceram
aqui, porque esta Cidade tem a característica do protagonismo popular, do
movimento social. É uma cidade linda, as pessoas não sabem muito como dizer por
que gostam tanto de Porto Alegre. A gente viaja e as pessoas dizem: “Eu gosto
muito de Porto Alegre, quero voltar a Porto Alegre.” E nós sabemos por quê.
Porque nesta Cidade tem uma construção humana muito bonita, ela é resultado do
protagonismo popular: o seu verde, a sua integração – esse é um debate que nós
vamos fazer depois, sobre o Parque da Redenção –, a vida que tem nos parques,
nas praças, no cotidiano, a resistência em relação à construção que diz
respeito à ambiência, o movimento de proteção do patrimônio cultural. Então, o
Musa é resultado dessa efervescência e dessa riqueza de protagonismo popular,
tanto que o movimento do museu conseguiu o compromisso do Diretor do DMAE, que
assinou o Protocolo de Intenções do Prefeito da cidade de Porto Alegre,
empolgado com a ideia, conseguiu o envolvimento das entidades que o Engº
Comassetto listou aqui. A Metroplan,
Ver. Nedel,
emprestou salas e espaços para muitas reuniões do Musa; o DMAE se envolveu,
assim como os técnicos da Prefeitura. Não é uma ideia estratosférica encontrar
um espaço na orla, aqui na região central, há estudos de, pelo menos, duas
áreas em que é possível acomodar bem o museu.
Ver. Pujol, não são áreas consolidadas. Na
verdade, nessas duas áreas, atrás do Parque Marinha do Brasil, na beira do
Guaíba, infelizmente, está consolidado o descarte de corpos, a drogadição, a
prostituição, moradores de rua, capim alto, barro; não são utilizadas, são
áreas que não são, lamentavelmente, apropriadas pela nossa Cidade, pela nossa
cidadania.
Da mesma maneira, atrás, no entorno do
anfiteatro Pôr do Sol, que, aliás, fica muito tempo vazio. O anfiteatro Pôr do
Sol, pela sua característica de ter que colocar milhares de pessoas, não é um
espaço bem aproveitado. Há um estudo, uma proposta que harmoniza muito com o
anfiteatro, que dá vida ao entorno do anfiteatro, que acolhe uma mobilização
com essa qualidade, com essa pretensão de educação ambiental, de cultura, e
que, ao mesmo tempo, vai preservar e dinamizar o que é hoje o anfiteatro. Mas
não necessariamente é um desses dois. O que nós queremos dizer à Prefeitura e
ao Prefeito, Ver. Kevin, é: Prefeito, se envolva e envolva a Prefeitura para
dar uma resposta objetiva, construída com o movimento do Musa. Não dá mais para
ter destinos da nossa orla sem o debate com a Cidade, de forma fragmentada.
Agora, tem um debate do Estaleiro, de novo. E,
de novo, infelizmente, contrário ao que a Cidade já disse: chega de construir e
tapar a nossa paisagem. A população não quer, Ver. Nedel. Nós temos áreas
degradadas, como o 4º Distrito, que acolhe muito bem, Ver. Bosco, um shopping.
Nós
não concordamos com ter shopping do
lado da Usina do Gasômetro. A orla do Guaíba não é para comércio. Não é para
comércio! Eu não consigo fazer diálogo com os senhores porque o povo que está
assistindo não está ouvindo a fala dos senhores.
(Aparte antirregimental do Ver. João Bosco Vaz.)
A SRA. SOFIA
CAVEDON: O
povo que está lá do outro lado da nossa televisão. Então, o que eu acho e o que
nós queremos não é colocar uma camisa de força no Prefeito; nós queremos
indicar ao Prefeito que há um movimento real, que há uma vontade real, forte. E
há a possibilidade concreta de trazer para cá uma grande experiência que outros
países, outras cidades já fizeram e que virou ponto turístico, virou marca de
uma cidade diferenciada, que virou um projeto emanador de uma cidade muito
melhor, de uma cidade que educa para além de si, educa novas gerações, que vive
arte, que promove arte. Então, é uma indicação que não engessa o Prefeito. E
uma indicação que diz ao Prefeito: “Prefeito, cumpra o seu compromisso!” Ele
assinou esse compromisso. Ponha no planejamento da orla, porque, depois de
assinar, o Prefeito contrata o Jaime Lerner, ou concomitantemente. Depois de
assinar, o Prefeito já tenta duas licitações. Então, é um pouco de falta de
escuta e de respeito com o movimento real, um movimento que procurou o diálogo,
um movimento que promoveu o Prefeito. Porque se vocês abrirem o Facebook do
Museu das Artes – Musa, irão verificar que está lá a foto do Prefeito, está lá
a foto dos secretários.
Concluo dizendo que esse movimento não é
partidário, não é contra A ou B, é um movimento que dialoga e que quer que o
diálogo continue com o Prefeito Municipal. E a indicação tem esse sentido, Ver.
Kevin Krieger.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Kevin Krieger está com a palavra para
encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon.
O SR. KEVIN
KRIEGER: Boa
tarde, Sr. Presidente, Ver. Mauro Pinheiro; Vereadores e Vereadoras, público
que está aqui conosco. Rapidamente, ouvi nas falas da Ver.ª Fernanda
Melchionna, Ver. Idenir Cecchim, quando ela nos disse que estamos enrolando
para votar. A Ver.ª Sofia Cavedon nos solicitou que fizéssemos um acordo para
adiantar a votação, nós demos o acordo e quem começou a fazer os
encaminhamentos não foi a base do Governo. Nós demos acordo para votar o mais
rápido possível em respeito a vocês que estão aqui. Eu só queria fazer esse
esclarecimento, que é importante que seja feito.
Conversei já com algumas lideranças que estão
aqui, conversei com o Prefeito Fortunati, que se colocou à disposição,
colocando o Vice-Prefeito à disposição e os secretários responsáveis pela área
para conversarmos e retomarmos o diálogo, que já houve em 2012, e procurar uma
área para que a gente possa fazer o Museu das Águas. O Prefeito não é contra,
Ver.ª Sofia, muito pelo contrário, ele é a favor. A gente vai já marcar, para a
semana que vem, uma reunião com o Governo, com a sociedade civil e com os
representantes que estão aqui, já peguei os telefones e me comprometi de fazer
essa reunião independentemente do resultado da votação do indicativo hoje. São
esses os esclarecimentos que eu gostaria de fazer em relação a essa indicação,
Ver.ª Sofia, e tenho convicção de que ela teve o efeito que você gostaria:
fazer a retomada do diálogo, independentemente de aprovar ou não o indicativo.
O Prefeito é sensível, o Governo é sensível a essa solicitação, a única
dificuldade que entendemos haver é o local estabelecido: da Usina do Gasômetro
até o Estaleiro. Estamos aqui à disposição, já estou com o telefone de vocês.
Quarta-feira, já estaremos ligando para vocês com uma agenda para uma reunião
com o Governo e para procurar, em conjunto, essa solução, que é o melhor para a
nossa Cidade.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Clàudio
Janta, o Requerimento de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon. (Pausa.) (Após a
apuração nominal.) APROVADO por 26
votos SIM.
Em votação o Requerimento de autoria do Ver.
Mario Manfro. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se
encontram. (Pausa.) APROVADO.
O Sr. Marcelo Sgarbossa
(Requerimento): Sr. Presidente, solicito a alteração da ordem da priorização
de votação, para que possamos, em terceiro lugar, passar à votação da Indicação
nº 007/15. Após retornaremos à ordem normal.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Em votação o Requerimento de autoria do Ver.
Marcelo Sgarbossa. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se
encontram. (Pausa.) APROVADO.
O Sr. Delegado Cleiton
(Requerimento): Sr. Presidente, solicito a alteração da ordem da
priorização de votação, conforme segue: em quarto lugar, o PLL nº 227/14 e, em
quinto lugar, o PLL nº 240/14. Após retornaremos à ordem normal.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Em votação o Requerimento de autoria do Ver.
Delegado Cleiton. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se
encontram. (Pausa.) APROVADO.
INDICAÇÃO
- VOTAÇÃO
(encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
IND. Nº 013/15 – (Proc. nº
0773/15 – Verª Sofia Cavedon) – ao Governo Municipal, que sugere a definição de uma área na orla
do Guaíba, entre a Usina do Gasômetro e o Pontal do Estaleiro, para a
construção do prédio arquitetônico do Museu das Águas de Porto Alegre (MUSA).
Observação:
- votação nula por
falta de quórum em 15-04-15.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Cláudio
Janta, a Indicação nº 013/15. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADA por 14 votos SIM, com o voto de desempate do Presidente,
13 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
REQUERIMENTO
- VOTAÇÃO
(encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
REQ. Nº 033/15 – (Proc. nº
0829/15 – Ver. Mario Manfro) – requer seja o período de Comunicações do dia 27 de
abril destinado a assinalar o transcurso de 50 anos do Clube de Mães Casa
Blanca.
O SR. PRESIDENTE
(Mauro Pinheiro): Em votação o Requerimento nº 033/15. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.
INDICAÇÃO
- VOTAÇÃO
(encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
IND. Nº 007/15 – (Proc. nº
0569/15 – Ver. Marcelo Sgarbossa) – ao Governo Municipal, que sugere viabilizar, por
meio da Internet, a consulta de
créditos do cartão TRI (Transporte Integrado), assim como a aquisição carga e
recarga on-line.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Kevin
Krieger, a Indicação nº 007/15. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) Sete votos SIM, 06 votos NÃO e 02 ABSTENÇÕES. Não há quórum.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro – às 17h17min): Encerrada a Ordem do Dia.
Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO
PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com
aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
Nº 0943/15 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 007/15, que altera a redação do art. 14 da Lei nº
11.400, de 27 de dezembro de 2012 – que altera a ementa, os arts. 1º, 2º, caput e incs. II e III, 3º, 5º, 8º, 9º, caput e incs. II, III e IV, 10 e 14,
inclui incs. IV a VII no art. 2º e revoga o parágrafo único do art. 2º e o inc.
I do art. 9º, todos na Lei nº 9.693, de 29 de dezembro de 2004, e alterações
posteriores, alterando a denominação da Secretaria Municipal de Gestão e
Acompanhamento Estratégicos (SMGAE) para Secretaria Municipal de Gestão (SMGes)
e da Secretaria Municipal de Coordenação Política e Governança Local (SMCPGL)
para Secretaria Municipal de Governança Local (SMGL) e estabelecendo-lhes
finalidades básicas; altera o Anexo I e inclui Anexo III-B na Lei nº 6. 309, de
28 de dezembro de 1988, e alterações posteriores, excluindo e criando cargos em
comissão e funções gratificadas; e dá outras providências.
2ª SESSÃO
PROC.
Nº 0248/15 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 009/15, de autoria do Ver. Clàudio Janta, que
inclui art. 40-A na Lei Complementar nº 728, de 8 de janeiro de 2014 – que
institui o Código Municipal de Limpeza Urbana, revoga as Leis Complementares
nºs 234, de 10 de outubro de 1990, 274, de 25 de março de 1992, 376, de 3 de
junho de 1996, 377, de 3 de junho de 1996, 591, de 23 de abril de 2008, e 602,
de 24 de novembro de 2008, e dá outras providências –, alterada pela Lei
Complementar nº 753, de 30 de dezembro de 2014, determinando que, em vias
públicas de grande circulação, a coleta e o transporte de resíduos sólidos ou
pastosos ocorram das 20h (vinte horas) às 7h (sete horas).
PROC. Nº 0549/15 – PROJETO
DE RESOLUÇÃO Nº 009/15,
de autoria da Mesa Diretora, que cria 36
(trinta e seis) cargos de Assessor Parlamentar de Gabinete, código 2.1.2.1a, no
item Função Específica do Quadro dos Cargos em Comissão e Funções Gratificadas
da Câmara Municipal de Porto Alegre, constante do art. 20, e altera o inc. II
do caput do art. 20-A, ambos na Lei
nº 5.811, de 8 de dezembro de 1986, e alterações posteriores.
PROC.
Nº 0916/15 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 010/15, que institui Área Especial de Interesse
Social (AEIS) III com Ocupação Intensiva nas áreas, objeto das matrículas de
nºs 150.628, 152.120 e 173.534 do Registro de Imóveis da 3ª Zona de Porto
Alegre, situadas na Rua Granja Bela Vista, na Unidade de Estruturação Urbana
(UEU) 038 da Macrozona (MZ) 08, e criadas as Subunidades (SUBsUEU) 05 e 06 na
UEU 038 da MZ 08, na forma de Lei Complementar nº 434, de 1º de dezembro de
1999, e alterações posteriores, para os limites definidos no anexo a esta Lei
Complementar.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO
PUJOL: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, na Pauta hoje temos três
importantes projetos. O primeiro é do Ver. Clàudio Janta, que inclui o art. nº
40 na Lei Complementar nº 728, de 08 de janeiro de 2014, que instituiu o Código
Municipal de Limpeza Urbana e que revoga várias leis existentes. O que propõe o
Vereador? Que, em vias públicas de grande circulação, a coleta e o transporte
de resíduos sólidos ou pastosos ocorra das 20h às 7h. Vou acompanhar V. Exa.
nesse projeto, Vereador. Vamos definir melhor quais as ruas, vamos trabalhar
nesse sentido. Acho que, em algumas ruas da Cidade, não é muito aconselhável
que o recolhimento seja feito em horas tardias, porque são áreas residenciais,
onde a movimentação pode criar algum distúrbio, mas, naquelas de maior
circulação, acho que tem que haver um horário especial mesmo para isso ocorrer.
É impressionante, porque, numa rua estreita, muitas das quais temos
estacionamento dos dois lados, o caminhão para fazer o seu trabalho tem que
parar o tráfego. Por cinco minutos que pare o tráfego na Rua Demétrio Ribeiro,
coloca carro no Gasômetro até o ponto da encrenca, isso gera um mal-estar, etc.
Dá para organizar, acho que V. Exa. foi muito feliz na proposta, eu já havia
lido no jornal. Eu vou me somar a Vossa Excelência. Não li o projeto como um
todo, estou apenas trabalhando a ementa. Acho que, provavelmente, V. Exa. já
definiu, com mais clareza, quais as ruas, as áreas, quais os tipos de lixo a
que se refere, e aí vamos trabalhar juntos nesse sentido. Na proposta
principal, estou solidário a Vossa Excelência.
O segundo projeto vem da Mesa Diretora, e o
terceiro trata da instituição de Área Especial de
Interesse Social, referindo-se às áreas situadas na Rua Granja Bela Vista,
na Unidade de Estruturação Urbana – UEU 038 da Macrozona – MZ 08, sendo criadas
as subunidades correspondentes com essa alteração. Isso envolve uma área na
Zona Sul, Ver. Márcio Bins Ely, sei que V. Exa. tem conhecimento disso, é uma
matéria que começou no Executivo, quando V. Exa. era Secretário do Planejamento
– excelente Secretário, diga-se.
O
Sr. Márcio Bins Ely: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero cumprimentar V. Exa. por essas considerações.
Tenho certeza de que os Vereadores que têm atuado na Região Sul também vão se
inscrever para falar em Pauta, assim como eu já estou inscrito. Quero
aproveitar a oportunidade para debater um projeto de lei que vem alterar a
volumetria da Subunidade 01 na Restinga. Quero fazer um amplo debate para
avaliar a possibilidade de, junto com a comunidade, fazermos um adensamento
para o melhor desenvolvimento daquela Região, tão importante da nossa Cidade.
Obrigado.
O SR. REGINALDO
PUJOL: Fico
satisfeito com o seu aparte, porque eu provoquei V. Exa., discutimos ontem,
fora da Câmara, esse projeto importante, e sei que V. Exa. tem um ponto de
vista firmado em relação a ele. Da mesma forma que eu adiantei que ia me
debruçar sobre o projeto do Ver. Janta, já com posição afirmada, em relação a
este, vou dizer que irei olhar adequadamente. Muitas vezes, criando uma Área
Especial de Interesse Social, a comunidade fica pensando que o seu problema
está resolvido. Não é nada disso. Há uma série de outras situações que tem que
ocorrer. Para que não ocorra estímulo a uma esperança descabida e, às vezes,
inadequada, nós temos que ter cuidado no que decidimos aqui, para que a gente
pare de andar nas vilas, e as pessoas digam: “Mas a Câmara decidiu que ia
fazer; mas me prometeram lá na Câmara isso aqui...” Não. A Câmara não faz a
regularização fundiária, ela estabelece normas pelas quais essa regularização
pode ocorrer, e aí, tecnicamente, o processo se desenvolve, enfrentando, como
nós sabemos, uma burocracia que não é rara e muito excessiva, e que nós deveríamos
até trabalhar no sentido de diminuí-la. É o que tenho tentado em alguns
projetos, como nós teremos a oportunidade de discutir em outras ocasiões de
forma adequada e dentro do que estará estabelecido na Pauta. Era isso, Sr.
Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Engº Comassetto está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. ENGº
COMASSETTO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadora, entre os projetos que estão
entrando nesta Casa, eu quero me referir ao Projeto do Executivo que propõe
transformar em área intensiva e criar duas Áreas Especiais de Interesse Social
na Estrada Granja Bela Vista. Essa região, no Plano Diretor, tem dois regimes:
de ocupação diversificada e de proteção do ambiente natural. Eu sou um dos
defensores aqui das Áreas Especiais de Interesse Social, entre outros colegas
Vereadores e Vereadoras. Agora, nós não podemos mais construir só casas, temos
que construir cidades. E transformar o regime com a cota ideal de 75 metros quadrados...
Qual é a cota ideal hoje dessa região? Se for diversificada, que é uma parte da
região, é a cada 2.000 metros quadrados uma unidade habitacional. Então, de
2.000 para uma unidade habitacional, baixar para 75 metros quadrados, tem uma
diferença fantástica. Só que a Granja Bela Vista é uma rua que não é
pavimentada, não tem água, não tem transporte público na região, não tem
estrutura de saúde e as escolas são distantes. Eu gostaria muito que, junto com
esses projetos de densificação, viessem os estudos que o sistema de gestão do
planejamento teria que fazer. A SMURB – Secretaria
Municipal de Urbanismo, tem toda uma estrutura, que é o sistema de gestão, que,
quando se propõe fazer a densificação de uma região, tem que apontar como
aquela região irá se desenvolver: onde estão as escolas, as creches, o posto de
saúde, como será feito o transporte público. Se é para ser uma Área Especial de
Interesse Social... E aquela estrada tem aproximadamente 3,5 quilômetros, não é
pavimentada de ponta a ponta, é uma estrada que passa entre o morro Agudo e o
morro da Tapera, portanto ela tem grande movimentação de solo, com terreno
arenítico – granito e arenito. Só isso precisa de grande investimento de
estrutura, máquinas e tudo mais, então o custo de uma estrada ali é caríssimo.
Como é que vamos aprovar uma Área Especial de Interesse Social se toda a
infraestrutura não estiver garantida? Estou levantando essas considerações
porque elas devem ser respondidas. E aí, prezado Eduino, Conselheiro do Plano
Diretor, e outros, na Granja Bela Vista, uma região que hoje tem ainda a
caracterização do ambiente natural, para fazer uma transformação tem que vir
definido o limite da intensiva e qual a infraestrutura existente ali.
Eu dei um olhar por cima das áreas, uma é de 8
hectares e a outra... Bom, que sejam 10 hectares. Nos 10 hectares densificados,
com a altura proposta aqui, que pode ser de prédios com 5 metros, isso dá para
construir 3 mil unidades habitacionais. Três mil unidades habitacionais
significam uma cidade nova, no mínimo, 12 a 15 mil pessoas. Quinze mil pessoas,
em uma região da Cidade entre Belém Velho, Restinga e Hípica, mudam
completamente a característica da região. Volto a dizer: é uma estrada não
pavimentada, não tem rede de água do DMAE, não tem transporte público, não
tem... Para quem não conhece, ela fica entre o morro Tapera e o morro Agudo. Na
Estrada Costa Gama, lá embaixo, tem as lombadas eletrônicas perto duma escola,
ainda das “brizoletas” que tem lá, uma escolinha de madeira, que sai na Estrada
Jorge Pereira Nunes. Então, ela fica num centrão, que hoje é um grande recanto
de proteção do ambiente natural. Eu gostaria que o Município mandasse para cá
os estudos do sistema de gestão densificando aquela região, como é que fica
isso, como é que vai a infraestrutura e assim por diante. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
(O Ver. Delgado Cleiton reassume a presidência
dos trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para
discutir a Pauta.
A SRA. SOFIA CAVEDON:
Sr.
Presidente, Vereadores e Vereadoras, nós, hoje à tarde, aparentemente tivemos
poucos resultados. Às vezes, a população pode olhar para cá e dizer que nós
ficamos a tarde toda num debate que não é exatamente uma lei. Mas eu queria
começar dizendo que, dentro dos projetos em Pauta... A ideia da indicação
acabou se tornando uma ideia importante, porque ela proporciona aos Vereadores
e Vereadoras um diálogo com o Prefeito e com a sociedade; proporciona a
possibilidade de aprofundar determinado tema, indicar soluções e sugestões para
a Prefeitura. Do início da tramitação dos projetos, como estes que nós agora
avaliamos, ao final, em plenário – a tarde toda aqui discutimos espaços,
destinação da orla, movimentos sociais, necessidade de preservação da água –,
tem um caminho longo, que é muito bom que não seja um caminho burocrático,
escondido, de escaninhos, um caminho de assinaturas num papel. Os projetos que
aqui tramitam têm que “ser” a partir da vida que pulsa na cidade de Porto
Alegre. A aprovação, mesmo que com desempate do Presidente, vai dizer ao
Prefeito que o museu de Porto Alegre é bem-vindo, é querido, pode se tornar um
diferencial da nossa Cidade. Eu espero que, com o compromisso expresso aqui
pelo Ver. Kevin Krieger, nós possamos dar continuidade ao diálogo numa reunião
com a Prefeitura para que esse movimento tenha respostas do Governo. E, nesse
mesmo sentido, nós temos aqui uma nova proposta de AEIS. O Ver. Engº Comassetto
já colocou os problemas. Eu, em princípio, imagino que, sendo a Prefeitura a
indicar a AEIS, é porque é uma área adequada à habitação popular.
Eu protocolei, hoje à tarde, um Pedido de
Informações ao Prefeito Municipal para saber, do período de 2000 até o presente
momento – praticamente o tempo de existência do Instituto do Solo Criado –,
quanto de solo criado – e explicando à população, solo criado são metros
quadrados criados além do que o Plano Diretor permite – foi comercializado
nesse período, nessa década; o quanto disso rendeu em recursos e onde foi
aplicado. Porque exatamente a AEIS é a destinação de áreas para habitação
popular, social para a população de menor renda. Em princípio, sou favorável a
ela. Acho que a Prefeitura tem que trabalhar para além do Minha Casa, Minha
Vida. Tem-se conseguido realizar muito pouco do programa Minha Casa, Minha
Vida, de zero a três, que é um programa de financiamento muito acessível. A
Prefeitura precisa providenciar as áreas ou favorecer a compra. E nós não temos
ideia, nesses anos todos, do conjunto de índices de solo criado que foi
comercializado pela Prefeitura, que recursos rendeu e que programas
habitacionais resultaram desses valores todos. Porque, de um lado, quando se
vende, comercializa solo criado, o solo novo, metros quadrados novos, nós temos
uma densificação na Cidade, nós temos mais andares, e não é algo ruim, em
princípio, se for considerada a ambiência, a vizinhança, o recuo. Porque você
aproveita a infraestrutura em lugares onde há e não existe tanta moradia,
porém, há um impacto na Cidade, e a contrapartida desse impacto é, por um lado,
o fomento à habitação popular. E Porto Alegre tem um déficit imenso em
habitação popular.
Então, se há uma indicação de AEIS, obviamente a
Prefeitura deve responder ao que os Vereadores aqui perguntam: qual é o acesso,
qual é a infraestrutura. Mas se há uma indicação de AEIS, é uma indicação de
área para habitação popular, nós achamos sempre bem-vinda, porque a função
social da terra tem que ser cumprida. Nós entendemos que a terra é para
moradia! É para colher a produção! É para colher a produção de alimentos! É
para preservar o meio ambiente! Menos tem que ser a especulação imobiliária,
para acumulação de moradia para quem já tem, para ter mais um, para explorar,
para acumular, para alugar. Então, essa Área de Interesse Especial Social será
analisada por nós com muito carinho, será muito bem-vinda, e é um projeto do
Executivo.
Então, eu quero aqui dizer e deixar claro que a
oposição não é oposição por oposição, é para avaliar os projetos, e serão
bem-vindos os que indicarem os princípios que a nossa Constituição Brasileira
define para o interesse público: a função social da terra, direitos da
população de viver com dignidade, com maior equilíbrio econômico, com maior
compartilhamento da riqueza. Isso, lá, em 1988, na redemocratização do País,
indicou e que nós ainda estamos longe de cumprir.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Ver. Márcio Bins Ely está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. MÁRCIO
BINS ELY: Ver.
Delegado Cleiton, na pessoa de V. Exa., eu cumprimento os demais Vereadores,
Vereadoras, público que nos assiste nas galerias, na TVCâmara, senhoras e
senhores. Eu venho a esta tribuna também para debater na Pauta, Ver. Idenir
Cecchim, o Projeto de Lei Complementar do Executivo – Lei Complementar porque
altera o Plano Diretor –, que institui Área Especial de Interesse Social – AEIS, com ocupação
intensiva nas áreas objeto das matrículas que indica aqui, lá na Macrozona 8,
Região Sul, Extremo-Sul. Inclusive, eu quero dizer que já fizemos uma
designação no nosso partido – e devo estar participando por iniciativa do Ver.
Cassio Trogildo – da Comissão Especial para debater o Cinturão Verde da nossa
Cidade, o IPTU Rural, ou Zona Rural. Realmente, parece-nos que a Cidade está
crescendo para o lado da Zona Sul, ou para metade Sul, que, pela legislação
atual, é considerada uma área de ocupação rarefeita. Geralmente essas
iniciativas do Governo, infelizmente, muitas delas vêm para corrigir algumas
áreas de ocupação clandestina, irregular muitas vezes, ocupações autoproduzidas
– termo legal da chamada invasão. E a gente se depara com realidades,
principalmente na Zona Sul e Extremo-Sul, de carência de equipamentos públicos,
inclusive de transporte coletivo, de falta de ambientes qualificados de uso coletivo,
a exemplo de praças, postos de saúde, escolas, creches.
Algumas vezes, eu defendo aqui, Ver. Kevin
Krieger, que a verticalização é uma alternativa para que as pessoas fiquem mais
próximas dos serviços. A verticalização, ao contrário do que apregoa aqui a
Ver.ª Sofia Cavedon, nem sempre é específica para a especulação imobiliária.
Quero dizer que tramita aqui, também, um projeto semelhante a esse, Ver.
Marcelo Sgarbossa, lá daquela área do Unidão da Restinga, que o Governo
entendeu que era oportuno que se removessem as famílias dali e extinguiu aquela
subunidade. Extinguiu aquela que era a Subunidade 10 e estabeleceu uma
volumetria cinco para toda aquela região da Restinga. Volumetria cinco para
toda a área de cima, para cima do Unidão, é uma mancha grande porque ele
extingue a subunidade, então, a volumetria passa a valer para todo aquele
complexo territorial, que volta para a Unidade de Estruturação Urbana – UEU,
como chamam aqui. Estabelece uma volumetria cinco ali. O que quer dizer uma
volumetria cinco? Que só pode construir seis andares. Mas será que a Restinga,
que está recebendo, agora, o lotação, que, inclusive, sei que está tramitando
um projeto de instalação de um shopping
center na Restinga, será que não seria menos custoso para a Cidade se ali
nós pudéssemos ter um adensamento? Construir, talvez, prédios mais altos para
mais pessoas morarem e não ter de se deslocar ou fazer grandes percursos; para
que ali se estabeleça uma área de ocupação intensiva. Quantas mil pessoas já
residem na Restinga? Será que, se nós espalharmos todo o mundo em casinhas, é o
melhor para o Município? Ou se nós verticalizarmos, não ficará, talvez, tudo
mais perto? O supermercado é mais perto; a farmácia é mais perto, não é, Ver.
Idenir? Por que não enfrentar? Por que tudo aqui tem que ser especulação
imobiliária, e alguém tem que estar ganhando em cima de um conceito de ocupação
do território urbano? Ali vai ter uma praça, uma escola, uma creche perto, um
posto de saúde.
O Sr. Idenir
Cecchim:
V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Márcio Bins Ely, V.
Exa. está tocando num assunto importante. O que se faz aqui em Porto Alegre é
uma disputa ideológica que não cabe mais em lugar nenhum do mundo. A nossa
esquerda ideológica, que não gosta de prédio, adora ir a Paris, por exemplo.
Paris é uma cidade antiga, e é lógico que não pode ser desmanchada, mas eles
optaram, agora, por verticalizar, para que as pessoas não precisem morar muito
longe, como se fez aqui. E não precisa ir a Paris, pode-se ir a São Paulo, Ver.ª
Sofia. Em qualquer lugar do mundo se entendeu, agora, que, verticalizando, as
pessoas podem ter melhor qualidade de vida, ao contrário de Porto Alegre, onde
querem criar uma ambiência; meia dúzia de pessoas querem criar uma ambiência
cultural. Realmente estão muito atrasados, mas eu imagino que, depois que Cuba
aderiu ao capitalismo, essas pessoas também voltem um pouquinho atrás e comecem
a se voltar para o mundo moderno. Obrigado.
O SR. MÁRCIO
BINS ELY:
Eu agradeço a V. Exa., Vereador. Eu acredito que, inclusive, com este tipo de
movimento que o Governo faz aqui, transparente, através de leis, alterando
alguns conceitos que foram aprovados na revisão do Plano Diretor em 2010,
quando nós revisamos a Lei nº 434/99, dez anos depois, que se possam rever
alguns conceitos. Por quê? Se entendermos que lá na Restinga, por exemplo, lá
na Macrozona 8, a Cidade está sofrendo com invasões, com áreas de ocupações
irregulares, clandestinas, o pessoal está ocupando áreas próximas a talvegues,
a riachos, embaixo de fios de alta tensão, por que não podemos colocar o
pessoal num edifício? Em vez de ter dez casas, não pode ter um edifício com dez
andares, Ver. Delegado Cleiton? Qual é o crime que se está cometendo aqui?
Então, quero deixar para reflexão este nosso
entendimento de que, talvez, a verticalização não seja a vilã que se está
pregando aqui, e talvez uma alternativa de solução de organização da Cidade.
Não para todo e qualquer espaço urbano, mas dentro de uma cidade, de uma
capital como Porto Alegre, que tem um número de habitantes que não cresce há
30, 35 anos, que oscila em torno de um 1,4 milhão habitantes. Por que não
organizamos um pouco a Cidade, como está sendo aqui orientado? Agrupamos um
pouco os cidadãos em alguns bairros de maior conglomerado de pessoas, onde o
serviço é mais acessível, ao contrário de dizer que espalhar todo mundo e
colocar casas por tudo, a cidade vai ser a cidade dos sonhos. Eu acho que não!
Temos que ter bom senso e equilíbrio na formatação do modo como aqui se impõe a
opinião; e nem todo mundo é vilão quando discorda da opinião da gente. Eu quero
dizer que a verticalização, ou, como está dito aqui, áreas de ocupação
intensiva, não quer necessariamente dizer que tem alguém ganhando ou na
especulação imobiliária para lucrar com isso ou aquilo. É uma maneira, sim, de
organizar a cidade; por isso se chama Área Especial de Interesse Social; assim
como há Áreas Especiais de Interesse Institucional. E assim o Executivo cumpre
a sua função e a sua missão, qual seja a de organizar a Cidade, buscando aquilo
que talvez possa ser o mais próximo do ideal possível, porque sabemos que nem
sempre se pode construir o ideal. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Ver. Marcelo Sgarbossa está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. MARCELO
SGARBOSSA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, começando pela fala do Ver. Márcio Bins Ely
insinuando que não há especulação imobiliária no Município de Porto Alegre, ou,
se há, é muito pouco, enfim, a Zona Sul de Porto Alegre vive uma verdadeira
especulação. Se há conceitos para definir especulação, um deles é a forma como
grandes empreendimentos têm sido licenciados, estão sendo construídos na Zona
Sul, sem a adequada infraestrutura, equipamentos púbicos, rede de esgoto,
enfim, áreas viárias, o que acaba refletindo na rodoviarização da Cidade. O
binário da Av. Borges de Medeiros é a promessa de que as pessoas poderão chegar
em dez minutos, com o seu veículo individual, do Centro de Porto Alegre até a
Zona Sul.
A Sra. Sofia
Cavedon: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vou ser muito breve, Ver.
Marcelo, mas diante da fala do Ver. Márcio Bins Ely, eu acrescento à tua
correta observação de que, infelizmente, essa densificação não vem acompanhada
por contrapartidas de quem densifica, e a Cidade se torna inviável. Por outro
lado, não há incentivo, estranhamente, como, no 4º distrito, em que prédios
enormes, abandonados ou mesmo no Centro, possam virar moradia popular.
O SR. MARCELO
SGARBOSSA:
Isso mesmo. Estavam aqui no roteiro da minha fala justamente esses dois pontos.
(Aparte antirregimental da Ver.ª Sofia Cavedon.)
O SR. MARCELO
SGARBOSSA: Ajuda!
Ajuda porque reforça, vou tentar ilustrar mais um pouco justamente esses dois
pontos. O primeiro ponto é essa falsa polêmica: casas ou grandes edifícios. Por
quê? Porque o Município foge da sua responsabilidade de mapear, na Cidade, onde
estão os vazios urbanos, os prédios que poderiam servir para moradia, e acaba
lançando essa falsa polêmica, refletida aqui na fala do Ver. Márcio, da qual
estamos falando: casa ou grandes prédios. Não, só um minuto! Nós temos o
exemplo do Bom Fim, que não tem grandes prédios e é um bairro adensado,
portanto mais seguro, com o espaço bem utilizado – apenas para dar um exemplo.
Então, há, sim, a responsabilidade do Município em mapear a Cidade e enfrentar
esses temas, como o IPTU progressivo e os vazios urbanos.
A outra questão é a que a Ver.ª Sofia colocou
aqui, estamos aqui discutindo mais um projeto que institui uma Área Especial de
Interesse Social, a questão do solo criado. Vejam, é função dos Vereadores e
Vereadoras fiscalizar o Poder Executivo; pois bem, nós fazemos isso e muito,
através dos Pedidos de Informação. Eu tenho aqui um Pedido de Informação datado
de 29 de maio de 2013, praticamente dois anos atrás, e até hoje não tivemos
resposta, perguntando justamente isso. Vou ler as perguntas que fizemos ao
Executivo e que até hoje não temos as respostas (Lê): “1. Apresente a
metodologia usada para aferir a densificação da Área Urbana de Ocupação
Intensiva, como prevê o art. 4º da Lei Complementar 315/1994. 2. Quais foram os
tipos de índices de Solo Criado vendidos em todo o Município de Porto Alegre
desde 2007 até o presente momento. 3. Informe, especificando um a um, os empreendimentos
que fizeram uso do instrumento do Solo Criado e qual a área total agregada aos
projetos, bem como os valores pagos em reais, desde 2007 até o presente
momento. 4. Desde 2007 até o presente momento, qual o montante arrecadado, em
reais, para os cofres públicos com comercialização de índices construtivos. 5.
Informe detalhadamente como ocorrem os repasses e a gestão dos recursos obtidos
com a venda de Solo criado dentro do Fundo Municipal de Desenvolvimento, desde
2007 até o presente momento. 6. Explique, ilustrando com exemplos concretos,
quais são as áreas, projetos e/ou programas que tenham recebido aplicação dos
recursos oriundos da venda de Solo Criado desde 2007 até o presente momento.”
Vejam, seis perguntas que, passados quase dois anos, não obtivemos as
respostas. Infelizmente, é uma pena. A gente sempre luta contra a
judicialização da política, mas me parece ser o caso aqui em que teremos que
buscar uma decisão judicial para ter acesso às informações, que é nosso papel
constitucional de fiscalizar o Município de Porto Alegre em todos os temas.
Neste, não obtivemos sequer resposta até o momento.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): Apregoo Requerimento de autoria do Ver. Márcio
Bins Ely, que solicita renovação de votação da Indicação nº 013/15, que
justifica seu pedido no empate gerado pela votação e o baixo quórum em função
da véspera de feriado. Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 17h52min.)
* * * * *